sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

ROJÃO


E foi justamente quando pisei nas areias de Copacabana e os fogos iluminaram a praia, a cidade e as almas... que lembrei de um antigo poema, escrito lá pelos idos dos 80. (Como o tempo passa!!!)

ROJÃO

é deixar a vida
a espera
na soleira da porta

é pendurar as mágoas no varal
- alvas camisas de punho em riste -

é tomar da linha
desfazer o laço
e soltar a alegria
(gigantesca pandorga)
a sobrevagar
um impossivel céu lilás

é fazer-se verão e maresia
ser fruto e ser mar
camarão
frenético peixe
cavalo marinho
a galopar profundezas
a profanar mariscos e conchas
a se embriagar de verde e sal

alvas camisas de punho em riste
silenciosas
indecifráveis
com abotoaduras de cristal

o sol nunca se põe
em meu império
vagalume
vagabundo
vaga e mar

prima véspera
de ano novo
com direito a fogos...
sem artifícios

ser feliz é acender o pavio
explodir inteira
(em lua cheia)
e neste céu poente...
amanhcer

(in Sintaxe do Espanto, Ed. Cátedra, 1986)



(in pblower-vistadelvila.blogspot.com)

2 comentários:

Celina disse...

O tempo passa mas sua poesia é sempre nova, viva e forte como uma semente rompendo a terra! Que bom ler isso hoje!
bjkas cheias de saudades, da primoca praticamente londrina!

Eulalia disse...

Querida,
Como me lembro desse livro... como me lembro da você, não muito diferente, embora totalmente nova em seus caminhos, sempre...
beijos