sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

A COR DO TOM


Rio, 25 de janeiro de 2012.

O dia mais quente do ano para os cariocas.

O verão chegou... Desabusado!

Céu azul...

Rio ... Azul...

Azul...


Acho que continuo ainda envolvida pelo filme. Dois dias já se passaram desde que, ao final da matinée, a platéia explodiu em aplauso. Primeiro um silêncio raro... Todos acompanhando até o final os créditos do filme e depois... Uma explosão... Aplauso despudorado e comovido. Parecia que ninguém queria sair do cinema para que a magia não fosse quebrada.

Dois dias já se passaram e continuo revirando meus CDs à procura de todos os Tons.

Ainda não entendi por que chorei quando Nara Leão cantou Dindi. De repente a tela enorme foi invadida por aquela voz pequena e aquela figura frágil acompanhada pelo Menescal.

Chorei... Experimentei saudades.

Logo no início do filme... Renasci ... nas asas da PANAIR. 

Sem palavras, fui seguindo o eloquente silêncio daquele contar feito de imagens, som e brisa do mar.

Era tudo tão nosso que dava para sentir um gosto de sal e um cheiro de mato molhado. 

Era tudo tão mágico e universal... 

Um mantra... Feito de uma encantada nota só.   

O Rio... Um Rio ... Azul!!!

Voltei para casa e me entreguei aos CDs. E no dia seguinte, continuei no Blue Note a ouvir o Jobim.

Na quarta, hoje, dia 25 de janeiro, o dia mais quente do ano, fui tomar um café na Livraria Travessa e encontrei uns CDs que eu havia perdido em vinil. (Quando mudei para Caracas doei meus LPs).

Depois sai dirigindo... Praia do Leblon... Ipanema... (Esbarrei com sua imagem em bronze carregando o paletó apoiado no ombro)... Copacabana... Aterro... Dirigindo... E a alma cantando, vendo o Rio de Janeiro...

O Rio...  Azul!!!! (Naquela curva do Aterro em que o Corcovado se encontra com o Pão de Açúcar, segredei ao momento... À cidade... À saudade... É, você que é feita de azul. Me deixa morar neste azul. Me deixa encontrar minha paz...).

Tem umas horas boas em que a gente sabe que é feliz...

É ... Tem horas que além dos anjos da guarda, alguém mais (ainda que brincando de esconder) olha por nós. 



Tudo muito azul!!!!

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Nota: Escrevi o texto antes de haver o desabamento no centro do Rio, ainda hoje, neste mesmo dia. Muita dor! Pensei em não publicá-lo esta semana. Por respeito às perdas. Mas aí pensei que se o acidente tivesse ocorrido em outro horário, teria sido uma tragédia muito maior. E pensei nele, de braços teimosamente abertos por e para nós. Ele olha por nós. E, tenho certeza, vai cuidar daqueles que perderam seus entes queridos... Amém.)
(in pblower-vistadelvila.blogspot.com)

3 comentários:

monica disse...

Oi Patricia,
O Corcovado, que lindo! Há e haverá sempre dores e perdas, e depois vem a cor e o tom do tom pra apaziguar.
Bjs
Mônica

Eulalia disse...

Lindo,querida.
Comovente.
Impecável!

Celina disse...

E eu aqui, completamente imersa na poética e deliciosa Lisboa! Sim, primoca. O Rio é lindo! e esse seu texto quase me dá saudades (menos do dia mais quente do ano).
ps: hoje dei a mão à Fernando Pessoa lá no Chiado... Emoção!