sexta-feira, 20 de junho de 2014

300:UM TEMPO PARA UM TEMPO


Este é o texto de número 300. O tricentésimo texto! 7 anos escrevendo todas as semanas. Histórias alegres e outras nem tanto. Aventuras. Eventuais poemas. 

7 anos! Tantas viagens! Tantos países! Tantas culturas! Tantos rostos em meu rosto refletido em rotineiros espelhos...

Nesse tempo, aprendi coisas, descobri sabores, mergulhei em águas de diferentes mares. Mergulhei tão fundo...

Nesses 7 anos, me diverti, me emocionei, me indignei... Vivi.

E quis dividir o que os meus olhos viam e o que a minha cabeça pensava com todos aqueles que quisessem vir comigo... Em minha "dangerosíssima viagem" como diria Drummond.

Mas agora é hora de dar um tempinho. Férias? Um tempo sabático? Chamemos do que for... É hora de dar uma parada. Parar, para continuar caminhando e aprendo e tomando novos fôlegos, para poder voltar com olhos de ver e cabeça de pensar.

Quanto tempo? Só o tempo pode dizer.

Mas prometo que tão logo o tricentésimo primeiro texto esteja pronto para ser publicado, avisarei a todos que têm me lido... Com tanto carinho...

Por enquanto, é tomar o rumo da estrada que vai me levar para novas histórias, novas aventuras e eventuais novos poemas...

Se sentirem um pouquinho de saudades, me visitem em minhas tantas histórias já lidas... Estarei sempre por perto para recontá-las.

Nos falamos em breve...

Até breve!

(in pblower-vistadelvila.blogspot.com)

sexta-feira, 13 de junho de 2014

FIGURINHAS



Véspera do dia dos namorados... Na TV, Gaby Amarantos, canta Ex Mai Love... (Só hoje entendi a letra da canção. Eu sempre dizia Is Mai Lovi... Que baita diferença fazem só duas letrinhas!)

Véspera da abertura da Copa do Mundo de 2014. Futebol... A grande paixão nacional... (Ao longe, a canção ainda ecoa... Ex Mai Lóovi... Ex Mai Lóovi...)

O país do futebol não se cobriu assim, tão intensamente, de verde e amarelo. Dizem que quando a competição começar, o povo engrena e sai pra rua pra comemorar o nosso talento, a nossa habilidade, a nossa competência... Em alguma coisa...

A empolgação ainda não se mostrou plenamente, mas, pelo menos, o álbum com as figurinhas dos jogadores virou mania nacional. Pelo menos, algo emplacou! Na hora do almoço, em points devidamente marcados, marmanjos e marmanjas trocam iniestas por neymares, esperando por messis e cristianos. Pelo menos, na orgia marqueteira de todo mega evento, algo já emplacou! E, agora, acabo de saber que vão lançar um adendo ao álbum, com os jogadores que foram chamados à última hora. Mais figurinhas para comprar! (E, ao longe, Gaby continua... Seu amoôor não vale 1 e 99!)

Se a vida fosse um grande campo de futebol, no momento, eu estaria jogando na retranca, esperando, não por um passe de gênio, mas por uma bola nas costas. Nada de lençol, bicicleta ou gol de placa... Que nada... Estou mesmo é com medo de um carrinho bem dado. Daquele de fraturar tornozelo. Mas como sou otimista, sempre acredito em um escanteio salvador aos 46 minutos do segundo tempo.

(Gaby já parou de cantar há algum tempo, mas a música grudou na minha cabeça.)

O pessoal vai se animar mais. Vamos todos nos comover com a abertura da festa. Samba, suor e cerveja... Só para variar um pouquinho do sangue, suor e lágrimas. (Ex Mai Lóovi... Ex Mai Lóovi...)

E vai ter jogo e drible e falta e cartões... E vamos xingar muito todos, todos os juízes (Inclusive os do Supremo Tribunal...) No momento em que o pais está em impedimento, vale até gol de mão.

Seremos felizes... E, para quem não conseguiu ingresso, tem até espaço armado com segurança e telão. Ufa! Fan Fest da FIFA, já que vovó não vai mesmo ver a uva!

A maioria das obras prometidas e, imagino, já pagas, ficou para uma possível prorrogação. Hoje mesmo me disseram que o Metrô de Salvador, depois de 14 anos de obras, tem 7 quilômetros de extensão!... E estará funcionando durante a Copa das Copas, mas só para o pessoal cadastrado. O saque deve ter sido imenso! (...O teu amor era pirata!)

E, já aviso, se conseguirmos ganhar a taça... Lembrai-vos todos da Jules Rimet... Que ela seja de lata (Como um amor qualquer), porque se de ouro... Vai virar... Uma fina cascata... (Ex Mai Lóovi... Ex Mai Lóovi...).

Estou mesmo de mau humor... Uma gandula, sem bola. E se querem saber por que escolhi a foto aí acima para ilustrar o texto... Posso explicar...

Assim imagino nós todos, ao longo de um mês. Pétreas figurinhas, com olhos longos para faraônicos estádios, esperando o gol que nos fará feliz... Que nos fará heróis... Que vai nos redimir... Mesmo que seja um gol de mão... Mesmo que seja um gol roubado... A isso estamos habituados. (Ex Mai Lóovi... Ex Mai Lóovi... Nosso amor, simplesmente, não passa de um vira-laata).

PS1: Manhã de 13 de junho. Que abertura estranha esta a da Copa das Copas! Bem sintomática. No país dos grandes carnavalescos e das festas de Parintins, botaram uma belga para dirigir o espetáculo! Diretores belgas... Camisetas verde amarelas produzidas na Ásia... Médicos cubanos... Só podíamos mesmo começar o jogo com um gol contra. Salvai-nos Santo Antoninho!

PS2: O exoesqueleto do Miguel Nicholelis foi vencido pela marqueteada expectativa do Hexa Campeonato.

(in pblower-vistadelvila.blogspot.com) 

sexta-feira, 6 de junho de 2014

UM CERTO SORRISO


A vinda para Botafogo me fez mudar alguns hábitos. Eu que era daqueles seres compostos de cabeça, tronco e rodas, cada vez mais caminho para fazer tudo que preciso ou uso transporte público. Tenho até bilhete único e tarifa social.

Mas o que uso mesmo, com rotineira perseverança, é o Metro. Como, normalmente, posso fugir dos horários de pico,  consigo me locomover com conforto pelas entranhas do Rio. As aulas de Pilates no Largo do Machado, por exemplo, têm caminho certo. Dou uma andadinha até a estação de Botafogo, pego o Metro e fico em pé, normalmente junto à porta, já que vou sair na segunda estação e... Pimba!... Já estou no Largo, bem junto à igreja de Nossa Senhora da Glória e de lá é um pulo até o oitavo andar do prédio reformado.

Hoje foi assim também. Tudo correndo como sempre. Entrei no vagão e fiquei olhando as pessoas. Algumas ainda com um olhar distante de quem não acordou por inteiro, outras estudando, outras lendo, os mais antigos ainda levantam a cabeça e trocam olhares, os mais novos, mergulhados em seus mundos virtuais. Earphones, smartphones, Iphones, joguinhos, mensagens, great hits... Um amanhecer em bites.

Gosto de olhar também para os pés. Saltos altos. Sandalhinhas. Surrados tênis dourados. Agora está começando o tempo das botinhas e... Dos cachecóis. 

Estava perdida em meu universo de espectadora, voyeur desavergonhada, quando o trem parou na estação Flamengo. Foi uma paradinha rápida. Algumas pessoas entraram e quando as portas já estavam se fechando, uma senhora um pouco mais moça que eu, magra, vestindo jeans e um suéter listrado, deu um salto e conseguiu entrar no vagão. Foi a última. Seu salto foi seguido por um virar de cabeça quase em câmera lenta. Olhou,  com olhar de vencedora, para a porta que se fechava. Olhou e sorriu... Um sorriso de vitória... Só dela... Era novamente a menininha que chega ao céu na amarelinha. Era a adolescente que chegou tarde pela primeira vez em casa. A estagiária que apresentou o melhor trabalho e conseguiu o emprego... Rejuvenesceu.

Um sorriso... Só dela... Nunca podia imaginar que alguém a estivesse observando em seu momento de glória.

O sorriso se desfez ao solavanco da partida. Agarrou no apoio azul e respirou fundo. De repente tinha uma ruga na testa. Tinha outras rugas. Era ela de novo em seu rotineiro agora. Um rosto... Qualquer...

Só eu sabia que por instantes havia subido em um pódio particular. Vitoriosa e feliz. Por segundos, foi a mulher que sempre quis ser... 

A porta se abriu novamente: Estação Largo do Marchado!

Ainda olhei para trás e encontrei o seu rosto partindo... Havia envelhecido... Subitamente.

(in pblower-vistadelvila.blogspot.com)