quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

JÁ QUE SOBREVIVEMOS...


Então está bem... Já que sobrevivemos ao fim do mundo, às intempéries, às hecatombes, aos Maias e a mídia... Bem que, como sobreviventes, a gente podia mesmo era festejar!

Vestir a roupa de gala e celebrar a vida e suas possibilidades. Celebrar o que há de possível em nossas impossibilidades. Renascer... Ser feto novo. Ser fato alvissareiro. Buscar o Melhor. Melhor assim mesmo, com letra maiúscula.

Um ano novinho vem chegando, com suas promessas... Com as nossas promessas que, espero,  não serão novamente adiadas.

Já que não dá mesmo para mudar o mundo, mudemos nós. Que há sempre algo para se mudar. Um hábito, uma teimosia, uma maneira de ser ou não ser (eis a questão!).

Mesmo descrentes de nós, de nossa força de vontade, de nossos sonhos, de nossa determinação, ano novo é para isso mesmo... Insistir... E prometer... E jurar que dessa vez vai ser diferente. Porque as coisas podem ser diferentes... E melhores.

Talvez não para o mundo, para os países, para as comunidades, para o social... Mas para cada um de nós... Até que dá... Uma melhoradinha que seja, já é algo a celebrar.

E, então, fazemos nossos planos e pulamos sete ondas e comemos sete uvas e abrimos o espumante e não esquecemos as lentilhas e brindamos ao novo que chega pendurado na meia noite. Tudo em nome da esperança. E não há nada melhor que se ter esperança.

É ela que nos faz seguir em frente. É ela que nos faz continuar. O que cabe a cada um é encontrar ou escolher o caminho.

Já que não dá mesmo para mudar o mundo, que cada um de nós, formiguinhas aladas e misteriosas, faça a sua parte. Quem sabe assim não melhore o formigueiro?

Um ano novinho vem chegando. Ufa! Sobrevivemos!

(Por que será que os homens teimam em ser oráculos do fim, quando cada novo dia sempre profetiza recomeços?)

Que 2013 chegue, assim,  de mansinho e se espalhe como um imenso e permanente amanhecer... Enorme... Por 365 dias!



(in pblower-vistadelvila.blogspot.com)

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

O NATAL MAIS FELIZ DE TODOS


Não teria nem data nem local certo para acontecer. Um dia a gente acordava e era Natal. Seria uma manhã daquelas bem brancas... Manhã de outono carioca, com uma brisa levinha que dá vontade na gente de sair e andar.

As ruas não estariam repletas de gente indo e vindo de algum lugar, com aquele olhar perdido em listas de compras e últimos retoques para a festa, para a ceia. Não haveria jantar, mas seria dia de comemoração.

Não haveria presentes, nem mesmo as pequenas lembrancinhas. Haveria a presença daqueles que amamos e a intensa lembrança dos que já não estão mais.

Os amigos ocultos também não existiriam, porque estariam bem juntos de nós com a transparência de um abraço apertado.  E os desafetos permaneceriam o que são, sem a pegajosa obrigação de se confraternizar. Não haveria amigos secretos... E nem segredos.

As casas estariam ornamentadas de bem quereres, de afagos, de cafunés e de risos  e haveria um brilho intenso no olhar de cada um. Um brilho de mil pirilampos.

E quem entraria pela chaminé de nossas almas, pé ante pé, sem renas, sem anões, sem roupa de veludo colorido, seria a imensa alegria de se existir. O presente seria ser... Plenamente.

Haveria lugar para o silêncio e uma certa solidão. E a música, a verdadeira música, sairia da batuta daqueles que amam a arte de cantar.

Não cairíamos na armadilha do presente mais caro, da roupa mais bonita, da mesa mais bem enfeitada. Estaríamos livres para nos despojar, como em um longo bocejo. Íntimos da festa. Íntimos na festa.

Brindaríamos a data com gotas de orvalho e comeríamos rabanadas feitas com canela e carinho.

Não enviaríamos nem cartões nem emails desejando um Feliz Natal. A mensagem estaria explicita, solta no ar.

E por fim, seríamos felizes como as crianças, correndo em nosso mundo de faz-de-conta, entre brinquedos e adultos e a vida e muitas ilusões.

Em nossos sapatinhos... Somente os nossos pés... Para seguir viagem... Para continuar caminho. 

Um dia simples, como outro qualquer.

(in pblower-vistadelvila.blogspot.com)

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

HÁ SEMPRE UM LUGAR...


Em toda a viagem, há sempre um lugar que chega como presente com laço de fita rosa. Um lugar que já podia estar nos planos, marcado em mapas e roteiros, mas que quando in loco, supera fotos, expectativas e sensações. Chamo a estes lugares de "por acasos" e quem me lê já há algum tempo sabe o quanto valorizo esses inesperados recantos.


Nesses lugares, a gente pisa mais forte e deixa um tantinho da alma perdido por lá. Como pegada feita de olhar. Como perfume que se sente na língua. Como um calor de aconchego ao som de um dia de frio. Esses lugares misturam os nossos sentidos.


Neles, não se precisa ser feliz por todo o tempo. Cabe até um viés de tristeza, de saudade. Um dedinho de solidão. Esses lugares misturam as nossas emoções.

São uma ponte sutil entre realidade e desejo. Entre o possível e o sonho.


Lá, a gente se senta num canto qualquer e fica só assuntando...


E se perde por vielas...

Toma aquele cafezinho...


Saboreia o sumo das tardes...


Perde o rumo para encontrar o caminho.


Em toda viagem, há sempre um lugar... Dessa vez foi Amboise, lá no Vale do Loire.

(in pblower-vistadelvila.blogspot.com)

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

GOING HOME...

 
Última noite em Londres... Time to go home...
 
Será que é saudade o que sinto agora neste quarto de hotel?
 
Mala feita... Late check out confirmado... Será que é saudade?
 
Saudade da família que fica...
 
Saudade dos meninos, como os chamo...
 
Saudade da enorme alegria que senti quando vi Carol subir no palco do Barbican Centre para receber seu diploma... Está pós-graduada ... Amém!
 
Saudade da prima que me mostrou uma França cheia de sutilezas entre castelos e estradas vicinais...
 
Saudades...
 
Muitas saudades...
 
Lá fora, cai uma chuvinha suave que molha o chão e um canto qualquer de minha alma...
 
A temperatura não passa de dois  ou três graus...
 
Este ano, Londres me pareceu mais cansada... Uma senhora de estirpe que perdeu suas luvas em um acinzentado jardim...
 
Ainda assim, sorri fleumática e toma seu chá com scones enquanto a noite cai sobre o Tâmisa entre pontes e Saint Paul's...
 
Saudades...
 
Time to go home...
 
(in pblower-vistadelvila.blogspot.com)