quinta-feira, 25 de outubro de 2012

TRÊS LUGARES

Esta semana, fica o registro de uma terra que cada vez mais gosto de visitar. Terra de cowboys, golfinhos e muito chili! Texas!


San Antonio! Com seu Riverwalk e o Álamo...



Old Spring Town! E seus fried green tomatoes...




E Galvestone! Com o seu Historic District e seus furacões...

(in pblower-vistadelvila.blogspot.com)


quinta-feira, 18 de outubro de 2012

O SEGUNDO DEBATE


Estar no Texas no dia do segundo e, talvez, mais importante debate entre os dois candidatos à presidência dos Estados Unidos foi, como se diz em inglês, quite an experience!
Quando estive em Nova York no início de setembro, a vitória de Obama era quase indiscutível, aí houve o primeiro debate e tudo mudou. Empate técnico, crescimento do republicano, dúvidas sobre a competência democrática...
E, então, lá estava eu em Houston no dia do segundo embate e devo confessar que, mesmo antes do debate começar, já estava com indigestão do evento. A impressa passou os últimos dias explorando todos os possíveis (e impossíveis) ângulos da contenda.
O background familiar dos candidatos. Seu relacionamento com a figura paterna. A reação das esposas presidenciais a esse tipo de evento. As diferentes propostas sobre temas polêmicos. O voto das minorias. As questões econômicas. O problema da Líbia. Imigração... Ufa! Mas o que mais me chamou atenção foram as horas usadas com o profundo levantamento sobre todas as teorias sobre body language.  
Confesso que se eu fosse candidata e ouvisse tudo que foi dito sobre body language, nem subia no palco. Fugia, vestindo uma burca para ninguém me ver.  
Tenho que admitir que fiquei com alguns efeitos colaterais.Toda vez agora que passo por um espelho me observo para ver se estou mais virada para a esquerda ou para a direita, se meus olhos estão olhando para cima ou para baixo ou para lado (e que lado?), se meus dois pés estão firmes no chão ou se um deles está um pouco levantado, indicando alguma insegurança...
Outra coisa que me chamou atenção foi um certo frisson porque, pela primeira vez, uma mulher seria mediadora em um debate entre presidenciáveis. Não pude deixar de pensar em nossas tantas jornalistas que já mediaram tantos debates. Viva Marília Gabriela!
E chegou a noite e combinamos de ver o evento no restaurante do hotel.
O lugar não estava tão cheio quanto nas noites anteriores (acho que o campeonato de footbal americano dá mais ibope), mas havia algumas mesas bem animadas e mobilizadas. Lembremos, eu estou no Texas, terra de George Bush.
E o debate aconteceu entre alguns aplausos republicanos e uma deliciosa pizza supreme.

Do debate, me ficou a sensação de que o mundo mudou muito. E há muitas perguntas sem respostas. Pensei na Europa e seu terrivel impasse. 

Da noite, me ficou um comentário... Meu amigo César reivindicando nosso direito de voto também. Afinal, muitas das decisões tomadas por aqui, vão ter impacto... No mundo. "O voto americano deveria ser globalizado".
Até condordo com César... Mas... Acho que só ia ter um problema... Se o voto fosse globalizado. Se fosse globalizado como globarizaram tudo... Bem, aí não ia ter body language que desse jeito... Ganhava um chinês!
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quinta-feira, 11 de outubro de 2012

E SE FOSSE POSSÍVEL...

 
E se desse para a gente voltar? Num abracadabra. Num estalar de dedos. Num passe de mágica. Varinha de condão. E se desse pra voltar?
 
Por um minuto que fosse... E a gente escalando cadeiras. Pernas soltas no ar.
 
Um colo morno... Cheiro de lavanda nos fins de tarde.
 
Uma voz mansa e rouquinha tecendo histórias de fadas, de piratas. Aventuras. Serpentes e Minotauros.
 
Se desse pra gente voltar... Mesmo com todas as bruxas. Mesmo com todo o medo do escuro...
 
Se desse pra gente jogar a pedrinha no céu de um jogo de amarelinha e num salto cair naquela antiga varanda, naquele quintal de terra batida, naquela copa cheirando a bolo quentinho.
 
Se desse pra gente voltar... Voltar pras cantigas de roda, pras brincadeiras de rua, pro pique-esconde, pro cabelo melado de suor...
 
Voltar pro cheiro de borracha cor de rosa,  pro estojo colorido, pra merenda, pro recreio, pros desenhos, pra massinha...
 
Se desse pra voltar... Mesmo com todos os números e tabuadas. Mesmo com todas as capitais...
 
Se desse pra voltar... Por um minuto... Pra sentir o perfume daquela flor.
 
Gosto de baunilha na boca...
 
Nadar com boia de pneu...
 
Andar nos muros...
 
Comer amora...
 
Correr muito... Até chegar a nenhum lugar.
 
E se desse pra voltar... Só pra sentir um cafuné daquela mão tão grande com cheiro de Aqua Velva...
 
Dar meia volta no tempo... Soltar cafifa no vento... Por um momento...
 
Poder regressar. Ser a gente de trás pra frente. De repente!
 
E saltar do balanço...
 
E construir casinhas...
 
E escrever o nome de carreirinha... Patrisia
 
E, em uma folha em branco, começar a se contar. Entre dias e pontos. Entre meses e virgulas... Entre lacunas e rasuras... Com um medo danado do ponto final.
 
Se desse pra gente voltar... Ah, se desse pra gente voltar...
 
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sexta-feira, 5 de outubro de 2012

PIER 17

 
Meus pais morreram muito cedo. Não tive filhos. Não tenho irmãos. Apesar disso, tenho a alegria de ter uma deliciosa família. Primos e tios... Sobrinhos emprestados... Amigos de tantas épocas... Os de Silvio... Silvio... Todos formam uma família múltipla e muito especial. A minha família. Costumo, por instinto, afraternar pessoas.
 
A tarde estava perfeita para o passeio. Comer qualquer coisa no Pier 17 e depois pegar um veleiro para chegar bem pertinho da Estátua da Liberdade.
 
 
 
Aos poucos, Nova York, com suas sirenes e escadas de incêndio,  foi ficando ao longe. Um vento gostoso já de outono se disfarçava em brisa de primavera. Uma temperatura perfeita e nossos dedos e câmeras apontando para diferentes cenários. Era muito bom estar ali. Uma tarde inesperada em meio a um setembro qualquer.
 
Marcia e eu, irmãs em tantos momentos, havíamos combinado viajar juntas fazia muito tempo, desde a época em que dividíamos a Cápsula. Entre MBAs e Mestrados, planejávamos ir a Roma, mas agora, anos depois, estávamos em Nova York.
 
Silvio sempre diz que não sabe como nós, mulheres, podemos achar tanto coisa para conversar. Pobres homens que não sabem a delicia de se ir emendando um assunto no outro até se tecer uma tarde. É uma arte. Um bailado. Ideias, risadas e palavras em rodopio no ar. E silêncios... Que também há silêncios... Para se respirar... Pensar no que foi dito... Olhar a paisagem... Preparar a câmera para fotografar. 
 
 
Fazia tempo que não conversávamos tanto. Assim, sem pressa. Sem que houvesse um único assunto como tema central. Passávamos de uma coisa para outra. Passado, presente e futuro se misturavam em nossas lembranças, planos e na alegria de estarmos ali, naquela tarde, ao acaso, levadas pelo veleiro. 
 
 
 
Chegamos de volta ao Pier num inicio de poente. E, como mulheres, não resistimos também a dar uma voltinha pelas lojas do lugar. Lojas deliciosas, cheias de coisinhas.
 
Quando nos demos conta, os pés doíam muito. Precisávamos sentar...
 
 
Vimos o banco do lado de fora do Pier e mais lá fora era o poente e a Ponte do Brookling... A cidade começando a se iluminar. 

 
Sentamos ali e ficamos... Seguindo o nosso grave oficio de jogar conversa fora... Não. Falamos de coisas sérias. De alegrias e de perdas. De lutos e  de celebrações. De sonhos e de planos.
 
 
E a noite foi caindo sem nos dar muita atenção. E agradecemos aos deuses por estarmos ali. Por estarmos bem. Pensamos em tantos que podiam estar conosco ali naquela hora e dividimos silêncios e saudades...
 
Meus pais morreram muito cedo. Não tive filhos. Não tenho irmãos. Apesar disso, tenho o privilegio de poder afraternar pessoas, mágicas pessoas com quem posso dividir silêncios, saudades e o enorme prazer de estar viva e com olhos de ver quando o acaso é presente... Envolto em papel de seda azul noite e com um laço de fita brilhante como as luzes de uma cidade qualquer.
 
(in pblower-vistadelvila.blogspot.com)