sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

BONS VENTOS


Era final de julho. Era o meu último passeio antes de sairmos da Venezuela: Los Roques.

No catamarã, muito céu, muito mar, muito azul. E tinha uma brisa...

De repente, olhei para o alto e lá estavam elas... grandes, estufadas. Com a determinação dos santos e dos heróis. À força do vento, venciam distancias. Ao sabor das correntes de ar, as velas dançavam uma valsa salgada e sensual.

Hipnotizada, levantei a câmera e tirei a foto. E intuí. E determinei. Esta será a foto do último texto deste ano.

Brancas velas, guiadas pela brisa caribenha. Brancas velas, a nos levarem para diferentes cayos, aquelas pequenas ilhas que fazem do arquipelago de Los Roques uma jóia guardada em caixinha de veludo verde azulado.

Ao longo do dia, paramos em diferentes ilhas de areia branca de ferir a vista. Mergulhamos, comemos peixinhos e camarões. Ficamos um tempão relaxando na beira da água, só vendo o tempo e as gaivotas passarem.

Ao lado, nosso barco e suas velas diligentes. Sempre prontas para novas e deliciosas aventuras.

Que em 2011, tenhamos sempre a nosso dispor velas bem branquinhas e uma brisa leve e um mar tranquilo e muito azul.

2011... Que bons ventos nos levem a nossas metas mais desejadas, a nossos sonhos mais impossíveis, ao carinho dos amigos, a boas surpresas ... a novas e ma-ra-vi-lho-sas aventuras!

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quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

PRESENTES


ENGRAÇADO...

NATAL É UMA ÉPOCA
EM QUE
OS AUSENTES SÃO MAIS PRESENTES

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quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

O FINAL DA VIAGEM


Aqui, agora, na Ciudad de México, às vésperas do Natal, a viagem termina. Não aquela que comecei no mês passado, em um longo vôo Rio/México, com uma escala em Miami. Não. Falo de outra viagem. Ainda mais longa. Uma viagem que começou há quase cinco anos e que teve várias escalas, físicas, psicológicas, trancendentais.

Uma viagem feita de surpresas, novos amigos, novas paisagens, novas experiencias e necessidades. Outras línguas, outros rumos. 

No mapa, um emaranhado de linhas. Idas e vindas. Sobressaltos. ALEGRIAS! Muitas.

Entre subidas, descidas, encruzilhadas, aprendi. Sobre a vida. Sobre os outros. Sobre mim. 

Vi novas paragens e me dei tempo para parar e conhecer. Tive tempo para esperar... Um ônibus em Roma. Muitos vôos. Tive tempo para ver... Uma pedra sobre a outra em Aruba. Muitos nascentes e poentes.

Cresci... sendo novamente criança. Uma International Vagabond. Despudoradamente responsável por minha irresponsabilidade. Aprendi muito. 



A viagem começou ali. Em uma manhã de um setembro, quando diante do Ávila (a minha montanha mágica) determinei: Quero viver aqui.

E vivi. Muito. Caminhei entre manifestações, camisas vermelhas, equivocos, caçarolaços. !Gloria al bravo pueblo...! Bravo pueblo...

Estudantes, discursos, muitos caminos verdes. Ali, aprendi que sempre há atalhos ... Há sempre saída. Depois de uma curva, lá do alto, poder divisar uma nova paisagem. Há sempre novas paisagens. Há que se ter olhos de ver.

Minha montanha mágica... Feita de arcoiris e amanheceres.

Aconchegada em seu silêncio, voltei a escrever, aprendi a cozinhar, me deixei levar por luas cheias e estrelas.

Acolhida em sua imensidão, tomei muito guayoyo, enquanto as tardes se faziam noite.

Eu, a montanha e meu balcón. De ali, eu podia ver muito além da cidade de Caracas. Vislumbrava possibilidades.

De lá, parti para viagens, aventuras, descobertas, encontros e reencontros. E quando voltava, lá estava ela sempre a me esperar. Mesmo quando ferida por incendios em tempos de seca. 

Aqui termina a viagem. Talvez. Ou será que foi só mais uma nova escala desta dangerosissima viagem de que um dia nos falou Drummond? Sei lá... 

Só sei que meu balcón virou varanda e, de lá, posso ver outra montanha. No primeiro dia em que juntos, Silvio e eu, descobrimos a vista, Silvio riu e me disse: Viu, agora você tem um Ávila de açucar.  

Que seja assim ... Que assim seja. E que de lá, eu possa partir para novas e doces aventuras.


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sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

CANCÚN OFF BROADWAY


Tenho que admitir: fui para Cancún com um certo preconceito. Eu achava que não iria gostar. Achava que seria uma coisa artificial, com muitos resortes de plástico. Decidi ir porque era como ir a Roma e não ver o Papa. Mas, tenho que admitir: gostei muito do lugar.

É claro que dois dias não foram suficientes para visitar tudo, mas o que vi... valeu!

Fomos recepcionados por um sol de inverno caribenho. Nascentes e poentes impecáveis. Hotel bom, comida boa, muitas Margaritas (bebi todas em homenagem a minha amiga Cida!) e um tempo para Silvio descansar. Cheganos na 6a feira de tarde e ficamos por Cancún, mas, no dia seguinte, nos entregamos a descobertas.

Alugamos um carro com motorista (queriamos mordomia!) e minha encomenda era que ele nos levasse a uma Cancún diferente. O homem me olhou como se eu tivesse pedido para ir a Marte e voltar para o almoço!!! Expliquei. Não queria ir aos parques, não queria nadar com golfinhos, não queria fazer snorkel. Não achava que daria tempo de ir a Chinchen-Itza ... Quanto mais eu explicava, mais o homem me olhava como uma ET e era clara a vontade dele de me perguntar: Então, por que diabos vieste a Cancún, caramba?? Mas, tentou uma sugestão: A senhorita quer ver os pueblos mais pobres que ficam perto daqui? Não era bem isso que eu queria, mas diante do impasse, achei melhor topar e sair do hotel. Eu comentei... Queria conhecer Playa del Carmen, uma amiga me disse que é muito bonita. E Silvio complementou... Vamos a Tulum!  O motorista viu luz no fim do túnel.

Acompanhados por um aparato militar de fazer inveja ao Morro do Alemão (Cancún estava em plena reunião sobre as mudanças climáticas no mundo), fomos seguindo por uma autopista moderna e entrando por pequenos pueblitos onde, segundo o motorista, mora o pessoal de serviço dos hotéis. De um lado da estrada estes pueblos, parte de uma mata baixinha a que o motorista chamava de selva e entradas de alguns parques. Do outro lado, imponentes portais de resortes. Estávamos na Riviera Maia.

Sr. Rodrigo, então, nos explicou que seguiriamos por aquela estrada até o pueblo de Tulum. Depois iriamos à zona arqueológica. Depois podiamos conhecer Akumal (uma baiazinha onde ele sempre levava uma cliente) e, por fim, Playa del Carmen. Sim... Enquanto dirigia, tinha feito nosso roteiro. Por intuição, Silvio quis almoçar em Akumal. 



Depois de passarmos por Tulum, el pueblo, com suas casinhas coloridas, restaurantes típicos, mercados de artesanias e muitos turistas europeus, felizes e super bronzeados, chegamos à zona arqueológica com suas pirâmides, iguanas, gramados, céu e mar. Dificil descrever o prazer e a leveza do lugar. Entre as pirâmides, ao descer por uma escadinha de madeira, você se perde em uma sucessão de prainhas. O mar caribenho, convidativo e manso. Resistir quem a de? 

Próxima parada: Akumal.


Lugar simples. Muito simples. O motorista estacionou o carro e nos indicou um caminhozinho para o resturante. Um caminho para o restaurante, para a praia, para um cantinho do planeta onde se pode ficar. E nos deixamos ficar. Senti a água, a areia fina. O restaurante era simples. Ficamos ali um tempo, jogando conversa fora. Tomando Margaritas (todas em homenagem a Cida!). Comendo camarões. A nossa volta, gente de diferentes lugares do mundo, fazendo o mesmo que nós... se deixando ficar. Ao sabor da brisa desse inverno caribenho.

Me lembrei de um outro momento de nossa vida. Tão diferente e tão igual. Silvio e eu em uma tarde de chuva em Kew Gardens. Nos conheciamos há pouco tempo e passamos a tarde falando da vida, de nossos sonhos... contando nossas histórias. 

Nestes momentos, apesar dos outros, é como se a gente fosse dona do tempo e do espaço. Há um burburinho e um silêncio... Momentos mágicos.


Playa del Carmen confirmou com sobra o que minha amiga tinha dito. Mar imenso e hoteis baixnhos e chiques à beira do mar. Restaurantes e gente bonita caminhando. Um lugar movimentadamente aconchegante. Ao longe, o Ferry que vai para Cozumel.

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Tivemos um trailler da região. Mas valeu! No dia seguinte, não quis passear. Ficamos no hotel, de pernas para o ar, curtindo a vista, o mar, a piscina e, é claro, tomando algumas Margaritas em homenagem a Cida.

A fuga da cidade do México nos proporcinou ainda, na volta, a muitos metros de altura, a visão mais bonita dos Popocatepetl e Iztaccihuatl, os vulcões que ficam próximos ao DF e que normalmente estão cobertos pela neblina. 

Conta a lenda que são um casal de indigenas apaixonados. Que do alto de seu mais alto nos abençoem. Amém! 



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quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

GRUTAS DE CACAHUAMILPA


Semana passada fui visitar as Grutas de Cacahuamilpa que ficam em um Parque Nacional a umas três horas da Cidade do México. O que senti foi uma mistura de impacto e surpresa. Surpresa, porque em todas as vezes que visitei o país tenho buscado novas regiões para conhecer e nunca, nenhum guia turistico tinha me indicado este lugar. E ele é imperdível! Impacto, porque as grutas são deslumbrantes. Por dois quilometros, imersos na terra, experimentamos uma mistura de silêncio, luzes, grandiosidade ... beleza!

Enquanto caminhava entre salões de mais de 60 metros de altura, fui me lembrando de um poema que escrevi há muito tempo atrás. Um poema que fala de uma teimosa e infindável busca.


A PEDRA

Garimpar palavras
Fazer Poesia
Dessedentar-me

Ser cascalho... cristal...  água marinha

Na batéia
Pôr a girar os meus cacos
Quem sabe eu encontre
Ao final da espiral
Um diamante bruto e puro
A minha essência mais dura


Pôr a girar os meus cacos...
Ritmos e músicas e choros
Entrechocam-se
Rostos e nomes
Entrechamam-se
E gestos
E cheiros

Réstia de infância
Sonhos sem senhas
Saudades-segredos

Entrelaçam-se
(em nó)
Todos os medos



No emaranhado de esperas
Perder-me entre ruas
 ... e rumos
 ... e feras



Infinita espiral
Em volúpia de dança
Roda a ciranda da vida

Meus cacos
São seixos opacos

Meus passos
Não sabem do mapa da mina



Na batéia
Sob água turva
Permanece intacto e bruto
O diamante mais puro
De mim...
A essência mais dura



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