sexta-feira, 22 de abril de 2011

LUA


Final de dia. A tarde quente era um quase noite. Barulho de crianças saindo da escola. Movimento de carros e de ônibus. Buzinas. E como é que dava para ouvir uns passarinhos cantando? (Acho que foi pura imaginação.) 

Mais um dia terminando no inicio do outono.

O telefone tocou e a conversa começou sem preâmbulos. Conversa com amiga querida é assim. Os assuntos brotando. Uma estória entrando por dentro da outra. Me conta? Tudo bem? (E ainda dizem que isso é jogar conversa fora!)

De repente meu olho bateu no viés entre o teto da varanda, a igreja e o céu. E lá estava ela. Ainda tímida. Sorrateira, me olhava. (Queria participar da conversa?) Parecia uma menina nova na escola, querendo se enturmar. Fazer parte do papo, da simplicidade daquele momento que, por si só, já era pleno.


Mas com o passar do tempo eu comecei a não dar conta. Não concentrava na conversa. A menina tímida foi se impondo. Se mostrando. Dizendo aos poucos pra que veio.



Falava a língua da Lua que é feita de silêncio e luminescência. Sussurrava sua presença.


Não pediu permissão para brincar comigo. (Avisei minha amiga que ia desligar para fotografar a Lua.) Agora, era só eu e ela.

Não pediu permissão para brincar comigo... brincou. Deu as cartas. Me fez parte de seu jogo.


Em parceria, entrou o céu. Não... a cor do céu. Um azul limpo e transparente que escurecia ao sabor do tempo.

Cair da tarde? Que nada. Um levante de beleza. Uma revolução. 




Respirei fundo... (Eu sempre respiro fundo.)... E mergulhei a alma na silhueta do momento.

Era bom estar ali. 

(in pblower-vistadelvila.blogspot.com)

2 comentários:

Eulalia disse...

Patrícia!!!
Dá para comentar uma coisa dessas?

Celina disse...

ticha, um momento desses não tem preço! e sua varanda, vale cada centavo, né? são momentos como esse que fazem a gente respirar fundo mesmo, para guardar a emoção como se fosse jóia em caixa de música! só não sei nada ainda sobre o outono...