sexta-feira, 9 de maio de 2014

BONS MENINOS E MENINAS




Sim, eu sei que o Dia das Mães não é comemorado na mesma data em todo o mundo. Sei, também, que as comemorações têm um viés comercial de fazer inveja a muito cacheiro viajante de tempos imemoriais. Sei que há muito mais lacinhos cor de rosa em eletrodomésticas lembranças ou carinhos virtuais do que em rotineiras cumplicidades e carinhosa obediência. Fomos e somos filhotes levados, mas sempre com muito amor!

Mas vamos imaginar, por um minuto que seja, que o dia universal das mães é no próximo domingo e que todos, mas todos mesmo, somos irmãos, filhos da mesma mãe parideira: A Mãe Terra.

Que presente poderíamos dar para ela que nos fez, nos carrega em seu colo, nos alimenta e cria os filhos dos filhos de nossos filhos.

Se fizéssemos uma vaquinha de intenções, juntando a contribuição de cada um dos habitantes da Terra, que lembrancinha cor de rosa poderíamos lhe dar?

Tenho uma ideia. E se todos, mas todos mesmo, por um dia, um lapso de vinte e quatro horas, pudéssemos nos comportar bem? Sermos todos bons meninos e meninas. 

Será que a gente aguentava se segurar por um dia e não brigar com os irmãos e não sujar nossa casa, que é grande e que já está imunda, a despeito dos desesperados esforços de nossa Mãe Terra em tentar se auto limpar.

Por um dia, sermos o que é esperado de nós. Todos nós. Todos nós, mesmo. Seres humanos e civilizados. Sermos humanos e civilizados. Não precisamos nem exagerar nas delicadezas, mas exercer o prazer do convívio entre irmãos.

Por vinte e quatro horas, nada de guerra, nada de confronto, nada de poluir, nada de se vingar, nada de ver o outro como diferente, antagonista, inimigo, uma ameaça. 

Neste Dia das Mães, haveria um culto megaecumênico e todos se veriam plenos em suas diferenças de cor e corpo e raça e credo. Quanto à orientação sexual, todos nos travesteríamos de alegria e exerceríamos o direito a amar o amor.

Não seríamos nem ricos nem pobres e todos comeríamos o almoço de celebração debaixo de pés de frutas lá no fundo de um quintal. 

Nosso maior ato de sustentabilidade seria sermos delicados e gentis uns com os outros e não precisaríamos ser politicamente corretos, pois seríamos corretos sem nenhuma segunda intenção.

Todos teríamos a chance de ser o que bem quiséssemos, sem nenhum perigo de bullying. 

Então, ao cair da tarde, nos sentaríamos em roda no colo de nossa mãe e nos contaríamos histórias. Nossas histórias. E falaríamos de nossos sonhos e medos. Tudo para ela escutar. E depois ela nos falaria da vida e de seu medo de que tudo acabe como em um jogo de faz de conta onde se pode morrer e matar.

Acho que poderia ser um bom presente e nem precisaríamos de grandes caixas douradas e brilhantes laços de fita.

Só nós e a Terra. Nós. Todos nós. Todos nós, mesmo.

Sei não... Pra este ano não dá. Tínhamos de ter combinado com mais antecedência. 

Quem sabe ano que vem? Talvez no próximo ano?

É... Se sobrevivermos às nossas brincadeiras de deus... Quem sabe?

(in pblower-vistadelvila.blogspot.com)

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