quinta-feira, 27 de maio de 2010

DE BANDEIRAS E DE NINÍS



Voltar a Caracas. Voltar a minha casa depois de estar fora por mais de três meses me dá uma enorme sensação de aconchego. Sou do signo de leão e, portanto, felina. Gosto do meu canto, das minhas coisas, da minha cama. É sempre bom voltar para junto de meu balcón e de meu amigo fiel, meu cerro, El Ávila.



Caracas tem sempre um elemento de surpresa no ar, mas, nos últimos tempos, eu já me sentia tão da terra que chegava de viagem e tudo era rotina, apesar da eterna efervescência do lugar.



Dessa vez duas coisas me chamaram atenção: as bandeiras e os Ninís.







Como faltam poucos dias para a Copa, comecemos pelas bandeiras, para dar o ponta-pé inicial.



Os venezuelanos adoram esporte e basebol é, sem dúvida, o esporte nacional. Resquícios dos tempos em que os americanos eram muy buenos amigos. São fanáticos, que é como se diz torcedor em espanhol. No caso de basebol e dos venezuelanos, pode-se dizer que eles são fanáticos fanáticos.



Isto não quer dizer, no entanto, que não curtam futebol. Têm seus times locais e também adotam times estrangeiros, sendo as ligas italiana e espanhola as mais adoradas. Vestem a camisa, se encontram em bares e restaurantes para verem as finais, gritam, vibram, cantam hinos. Gostam de futebol e apóiam, ainda que com uma certa insegurança, la vino tinto, a esquadra nacional.



Mas... é tempo de Copa e por mais que a franela (camisa) da seleção seja lindíssima, com modelito novo e tudo mais, o time não passou nas eliminatórias, então ... Bem, então o venezuelano inventa e escolhe a sua equipe, um time que esteja no páreo, e veste sua franela de corpo e alma. Não foi por acaso que Beatriz, a moça que trabalha aqui em casa, me pediu para seus filhos uma camisa do Robinho e outra do Kaká. Torcerão pelo Brasil com sangue, suor e lágrimas (que espero sejam de alegria).



Foi por isso que cheguei a Caracas e encontrei a cidade cheia de carros com muitas bandeiras de muitos paises. Uma demonstração explicita de amor ao esporte e desprendimento nacionalista.



O cenário está ficando bem legal. Ao invés da monotonia das cores nacionais, há uma profusão de cores tremulando ao vento.



Que vença o melhor!







Mesmo com a Copa, não se pára de falar de política. Nunca. Principalmente com a proximidade das eleições. Setembro está chegando a passos largos.



Sempre pensei que o país estivesse radicalmente dividido entre os governistas e os de oposição. Lados opostos que, como paralelas, não se tocavam jamais. A não ser nas manifestações... Bem, mas isso é outro assunto... Chego a Caracas e começo a ouvir falar dos Ninís, isto é, Ni chavistas, Ni de oposición. Uma maioria (há pesquisas que comprovam) silenciosa e, talvez, por demais paciente em busca de uma terceira via. Um outro caminho que agregue as coisas boas de ambos os lados, ou que simplesmente traga novos ares, novas esperanças. Ninís... É claro que isto tem implicações politico-partidárias e traz uma certa tensão (ou seria tesão) política que não me cabe avaliar. Aqui não é o espaço. Deixo a análise para quem sabe, ou finge saber do assunto.







E, assim, chego a Caracas entre múltiplas bandeiras e algumas novas esperanças.







Quem sabe não seja essa a saída, para todos, em qualquer lugar. Talvez fosse bom, como apenas um exercício de meditação, se todos nós, de qualquer lugar, abandonássemos nossas conhecidas bandeiras e vestíssemos novas franelas. Como em um final de partida, pudéssemos, ainda que por uma fração de segundo, trocar de camisa com o adversário. Vestir o suor alheio.



Quem dera que o jogo terminasse sempre em empate (sem impasses) e que todos pudéssemos levantar em uníssono a copa do Mundo. Quem dera...







Mas... Somos mortais e o lema persiste...







Que vença o melhor! (Desde que seja o time pelo qual eu esteja torcendo).

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sexta-feira, 21 de maio de 2010

A HORA TORTA


Fui acordada pela voz do comandante diretamente da cabine informando que em poucos minutos chegaríamos ao Aeroporto Internacional Simon Bolívar. A voz metálica e as luzes brancas que foram se acendendo aos poucos confirmavam que estávamos prestes a aterrissar.

Boca seca, olhos secos. Uma sensação desagradável de que o corpo ficou no local de origem e que só a alma e os músculos doidos chegavam ao destino final. Vôos noturnos...

O comandante voltou a falar, enquanto eu procurava meu IPod perdido entre a manta e aquela coisa que chamam de travesseiro de bordo. A fala era a mesma ladainha de todas as chegadas: permissão para aterrissar, temperatura e horário do pouso ... Estávamos chegando às 6 horas (hora /Brasil) e, portanto, acertem seus relógios, 4:30 (hora/local).

Para quem não sabe, a Venezuela é o único pais no mundo em que há um fuso de meia hora. A decisão foi tomada há uns dois anos trás e ainda me lembro das críticas à mudança e das relevantes razões para um procedimento, digamos assim, pouco ortodoxo.

Meia hora... Nunca tinha me preocupado com esta meia hora. Afinal, depois da mudança do fuso, a vida continuou a mesma, pelo menos para mim. Na verdade não, porque ainda me atrapalho muito quando tenho que acertar os relógios. É mortal quando se tem horas quebradas. 4:20, por exemplo, vira 5:50, se chegamos ao Brasil, e 2:50 se chegamos à Venezuela. É quase um Sodoku.

Meia hora ... Nunca mesmo tinha pensado nela. Mas desta vez, quando o comandante terminou de falar, aquela meia hora começou a me acompanhar. Retirou as bagagens comigo, saiu do avião ao meu lado e passou pela imigração e alfândega como fiel escudeira.

Meia hora... um viés de tempo. Que tanto de coisas se pode fazer em meia hora? Um bom punhado de minutos em pleno limbo. Será que eu envelheço mais por conta desta meia hora? Ou será que é o contrário e tenho ganhado alguns meses a meu favor? Não tenho percebido rugas acentuadas em mim nos últimos tempos... Essa meia hora está me parecendo melhor que botox!



Em meia hora se ganha o jogo, um amor, uma batalha.

Em meia hora se ganha a guerra inteira com tempo pra se receber medalha.

Em meia hora pode se dar o encontro de uma vida!

Pode-se assinar o contrato esperado.

Em meia hora, dá até pra arranjar namorado.

Em meia hora se diz o que era pra ser dito.

E se desmenti o que não passava de mito.

Dá para se ler o destino nas cartas do tarô...

Dá para se falar de amor...

Meia hora e um tantinho, dá pra se fazer muuuuito carinho.

Com meia hora e nada mais, dá pra se ter um momento de paz.

Dá para se regar as plantas,

Tomar um café bem quentinho!

Meia hora e um cajado e dá pra se percorrer um caminho.

Meia hora de espera dá pra cansar qualquer um.

Meia hora no cinema é só o inicio da história.

Meia hora no dentista, já é tempo de ir embora.

E de meia em meia hora vai-se levando a vida.

Entre praia, vento e lida.

Entre desejos e esperas.

Vai-se tecendo o enredo com a linha grossa do tempo.



Meia hora é muita coisa...

Um mundaréu de segundos...



Em meia hora dá até pra se fazer um poema vagabundo.

Moleque, proscrito, safado.

Um poeminha de pé quebrado!


Foto by Eulália Fernades. Tirada de meu balcón em um amanhecer de outono.

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quinta-feira, 13 de maio de 2010

UMA RUA CHAMADA MOREIRA CÉSAR

Malas feitas, começo minha viagem de volta para Caracas. O caminho não será simples como um singelo vôo direto Galeão/ Maiquetia. Não. A viagem começa amanhã cedo no Santos Dumont, passa por três dias em Porto Alegre, onde me encontro com Silvio, continua por mais uns quatro dias em São Paulo, até que, espero, no dia 19 à noite, sigamos para a Venezuela.

Já estamos em maio e, até agora, não fiquei muito tempo em minha casa. Uns vinte dias em janeiro, uma semana em abril e mais nada. Este ano tenho sido uma viajante compulsiva, mas confesso, começo a sentir saudades de meu cantinho.



Meu cantinho... Há algum tempo atrás se alguém me perguntasse onde era o meu cantinho, eu não titubeava e respondia: Niterói.



Niterói... Sou nascida no Rio (por acaso), mas minha terra é Nikity (como a cidade é chamada pela galera). Fui criada entre Icaraí e Itacoatiara e tenho que admitir que nos últimos tempos, vendo as noticias pela TV, me sentia muito triste ao ver o nome da cidade transformado em sinônimo de desabamentos, morte e dor. Uma pena. A cidade levou tantos anos buscando sua identidade, seu rosto feito de praia e por de sol, para terminar na mídia internacional de forma tão trágica. Talvez por isso, tenha sido bom ter voltado a Niterói desta vez.

Rever família e amigos e me surpreender, com um quase olhar estrangeiro, ao ver o entardecer nas praias de Icaraí e São Francisco.



Como este ano não fiz meu check-up em apenas um dia como faço todo ano, tive de perambular por Icaraí por várias tardes, de médico em médico, de laboratório em laboratório. A peregrinação teve um efeito colateral bastante positivo, me reencontrei com a Moreira César.

Quem é de Niterói é iniciado e entende do que estou falando. A Moreira César não é uma rua, é uma entidade mística. Lá, todos se encontram (por acaso), numa efusão de Ois e Tudobens. Entre pequenos shoppings, entre inúmeras lojas, entre moda e grifes e padarias, esbarramos com amigos, conhecidos, antigos colegas de escola, amigos de nossos pais... E quanto mais a gente vê gente, mais se reencontra... com a gente mesmo. Com o que somos. Com o que fomos. Com o que um dia sonhamos ser e não deu certo. Com o que deu certo, apesar de tudo.

E como foram muitas tardes... E como eu não perambulava pela Moreira César desde o inicio de 2000, quando fui trabalhar no Rio... Foram muitos os encontros com amigos e um enorme reencontro comigo mesma.



Me vi menina, de mãos dadas com Guiomar, minha babá, para ir a casa de vovô Cláudio. Tarde de verão e sol a pino, porque por alguma razão misteriosa a prefeitura sempre podava os Oitis que sombreavam as calçadas em pleno janeiro. Depois era eu de novo, de uniforme e pasta de couro (pesaaada!), indo para o colégio Pio XI. Ao longo de meu primário e ginásio fui vendo a rua se modificando. As casas virando canteiros de obras. As obras virando prédios (com salão de festas e playground). Só muito mais tarde os prédios foram virando fortalezas gradeadas com porteiros eletrônicos e câmeras de segurança.

Quando eu era criança, da Moreira César dava para se ouvir o mar, principalmente em tempo de ressaca. Hoje... como o trânsito piorou!

Depois, como num salto, me vejo, já adolescente, em matinés no Cinema 1 e em discussões literárias na livraria Passárgada. (Está bem, a Passárgada era na Pereira de Silva, mas eu passava pela Moreira para ir lá).

E tinha (e continua tendo) a livraria Gutenberg, onde lancei O Vôo de Vidro, meu último livro.



Foram muitas tardes... Foram muitos encontros... Com Clarice, Rose e Patricia. Com Mônica. Com Josélia... Foram muitas recordações. Inclusive uma que eu deixei para o final, e que conta um pouco do que é a rua para mim.



ESTILHAÇOS



Os cinqüenta anos

As três gerações

Não fazem a tua história

Nem

O firme alicerce

O telhado antigo

O terraço

A copa

A sala de televisão

(a varanda talvez...)

Não... nem ela faz a tua história



Os retratos amarelados

Os encardidos documentos

Os casos de ontem e anteontem

Não servem também para dizer como foi

Nem os vizinhos antigos que nas peripécias da vida

Se mudaram

Alugaram as casas

Legaram para os filhos

Ou simplesmente deixaram de existir



Não

Não são nomes que pintam a tua história

Nem diluídas feições



O que conta a tua história

Com voz e colo de avô em tarde de verão

São os estilhaços da gente

Risos

Zangas

Discursos

Canções

Parabéns pra você!!!!

For he’s a jolly good fellow!!!

O Pai Nosso e a Ave Maria do almoço de Natal

É vovô sentado na mesma cadeira

Regina entre panelas e temperos

Bisa secando o cabelo ao sol

Vovó com os jornais na varanda

A fala malandra de André

Os filhos e filhas

As noras e genros

O rema-rema

(que nem sei onde anda)

A chegada de tio Tommy

De tio Benny

A espera por tio Dick

Os debates acirrados em fim de tarde no domingo

As festas de São João

O teatro

O som

A discoteca

E a secreta árvore de Natal



O que marca a tua história

É o que de nós as tuas paredes suam

O que de nós a tua porta escancarada fala

É o que de nós

(na derrubada)

vai implodir contigo

E marcar

Com força de ferro

E calor de brasa

Que lá

Para sempre

É a casa dos Blowers

Moreira César 380

(in pblower-vistadelvila.blogspot.com)

quinta-feira, 6 de maio de 2010

UM PECADILHO

Sim... Vou ter de confessar. De uns tempos para cá, ando tendo um enorme prazer em ouvir a conversa alheia.



A coisa começou por acaso, em Caracas, como um exercício de compreensão oral de espanhol, mas tenho que admitir... Virou vício. Talvez seja resultado das muitas viagens em que Silvio fica envolvido em seus multi-milionários projetos e a mim cabe a difícil tarefa de me, digamos assim, divertir. Já cai em tentação do Havaí a Houston, passando é claro pela Venezuela e Itália. Sempre uso como desculpa a questão de exercitar meus ouvidos em uma língua estrangeira, mas quando me pego em pleno Shopping Botafogo Praia xeretando papos alheios, aí tenho que admitir... pequei.



É bem verdade que, depois de uma árdua pesquisa, não encontrei listado entre os variados tipos de pecado a bisbilhotice. Mas sei... é coisa digna de alguns atos de contrição. Mea culpa, mea culpa, mea máxima culpa!







O casal já estava sentado na mesinha do canto quando cheguei para almoçar. No restaurante lotado, só me restava a outra micromesa ao lado dos dois. Fui me esgueirando entre cadeiras, mesas e mochilas até chegar ao meu lugar. E, como a garçonete demorasse a me atender, comecei a viajar o olhar pelas pessoas. Foi quando ouvi...



- ... não, o documentário está indo bem. É o pessoal da velha guarda que está fazendo e ...



Dava para ouvir alto e em bom som! Não resisti e embarquei na conversa do casal a minha esquerda. Ambos trabalhavam com cinema, ou publicidade, ou algo que exige roteiros e direção. Ela, baixinha, magrinha e com um vestido jeans. Idade indefinida. Ele, jovem. Alto e magro. De óculos e de barba. Falavam de trabalho... Mas, havia algo na conversa que me parecia estranho. Muitos silêncios. Pausas muito prolongadas. Todo o diálogo como um prólogo, uma longa introdução para a verdadeira peça.



A garçonete me olhou à distancia e pediu que um colega nos atendesse. A mim e ao casal.



A moça pediu uma salada básica e eu acompanhei o rapaz pedindo um espetinho de mignon com arroz integral e salada.



E, por fim, começou o ato 1, cena 1. Depois de uma série interminável de espirros, ele se desculpou e disse que não sabia mais o que fazer com a alergia. Contou que tinha feito uma inalação antes de sair de casa e foi aí que percebi uma exagerada preocupação da parte dela.



- ... você deve se cuidar... fazer inalação e sair ... tem o ar condicionado...



Ao que ele respondeu...



- Você deve ter estranhado o meu telefonema...



Sim! O enredo começava a ser desenvolvido! Ela falou algo, mas foi quando o garçom quis me explicar que estava trazendo o meu mate Leão natural diet com muito gelo e limão. (Tem coisa mais longa que esta explicação?) Está bem... está bem ...(disse), Mas o que foi que ela falou? (pensei).



Neste momento se fez um enorme silêncio entre os dois.



-... bem que falei para mamãe que tinha algo. Você ficou um tempão sem aparecer e depois me manda o email e me telefona para a gente se encontrar...



Oba! Eu tinha retomado o fio da meada.



- Pois é... Eu precisava te ver... te contar...



- O quê? Pode falar...



Ele se aproximou dela e cochichou algo em seu ouvido. Ah, não! Assim não vale!!!! E eu? E eu?!!! O que, afinal, ele pode ter segredado a ela?!!!???



- Eu acho que já sabia... Vocês dois estão vivendo juntos?



Epa!Fala ambígua! Vocês dois... Bem... a expressão serve tanto para companheira como para companheiro... Será que ele disse a ela que é gay e que está tendo um romance com um amigo em comum? Mas por mais franzino e delicado que ele fosse, não me parecia gay.



Cena 2.



- E sua mãe? Como reagiu?



O texto soava como uma confirmação. Ele deu de ombros. Tinha um olhar distante e triste. Deve ser isso (pensei), mas...



- Ela deve estar super feliz...



A voz da moça era agora um quase sussurro. Fosse o que fosse, o segredo a afetava diretamente. O silêncio agora foi muito longo e acho que só foi interrompido porque ele teve outro acesso de espirros. Quase uma convulsão.



Ela começou a falar novamente. Se o garçom chega agora eu furo a carótida dele com a faca de serrinha!!! (pensei).



Cena 3.



- Eu fui pego de surpresa... Foi tudo muito rápido... Não esperava por isso...



Intervalo.



O garçom chegou com a nossa comida e lentamente serviu nossos pratos, insistindo em se desculpar porque o purê de cenoura havia acabado.



Ato 2, cena 1.



- Você não acha que é muito cedo?...



- ...



- Sei lá...Você ainda tem tanta coisa para fazer...



Será que ele está com uma doença incurável? (pensei).



- Quando ela me falou...



O olhar dos dois se desencontrou e o dele quase bateu em cheio no meu. Disfarcei.



Cena 2.



Ele pediu outro suco de laranja. Ela, em silêncio, sorria um sorriso sem graça. O olhar dos dois se tocava e fugia, e se tocava novamente, e não conseguia fugir.



- Você acha que eu vou ser um bom pai?



- Você está feliz?



- Não sei... Nunca pensei em ser pai...



- Você quer menino ou menina?



- Não sei... Acho que menina...



- Dizem que menina dá mais trabalho.



- Você deu trabalho?



- Quando era criança não, mas na adolescência ...



E ela sorriu um sorriso de quem se lembra... E ele também sorriu... Cúmplice.



Cena 3.



Silêncio. E, de repente, ela começou a falar. Como um contraponto, uma quase resposta ao que ele havia lhe contado.



- Sabe a Célia? Ela também vai ter bebê. Meus pais vão ser padrinhos.



- Que bom. É para quando?



- Outubro...



- O meu também...



Epílogo.



Nós três já havíamos terminado de comer. Eu planejava pedir um cafezinho para prolongar o papo(!?!). Mas eles só pediram a conta. O garçom explicou que não tinha máquina para o Amex e eles se levantaram para passar o cartão na caixa.



Saíram e foram caminhando entre mesinhas e cadeiras. A esta hora, o restaurante já estava vazio.



Acompanhei seu caminhar até que sumiram escada rolante acima. Tristes e em silêncio, como uma cortina pesada de veludo vermelho que cai ao final do último ato.

Nota: Foto: San Miguel no Castelo San Angelo em Roma.

(in pblower-vistadelvila.blogspot.com)