quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

O FINAL DA VIAGEM


Aqui, agora, na Ciudad de México, às vésperas do Natal, a viagem termina. Não aquela que comecei no mês passado, em um longo vôo Rio/México, com uma escala em Miami. Não. Falo de outra viagem. Ainda mais longa. Uma viagem que começou há quase cinco anos e que teve várias escalas, físicas, psicológicas, trancendentais.

Uma viagem feita de surpresas, novos amigos, novas paisagens, novas experiencias e necessidades. Outras línguas, outros rumos. 

No mapa, um emaranhado de linhas. Idas e vindas. Sobressaltos. ALEGRIAS! Muitas.

Entre subidas, descidas, encruzilhadas, aprendi. Sobre a vida. Sobre os outros. Sobre mim. 

Vi novas paragens e me dei tempo para parar e conhecer. Tive tempo para esperar... Um ônibus em Roma. Muitos vôos. Tive tempo para ver... Uma pedra sobre a outra em Aruba. Muitos nascentes e poentes.

Cresci... sendo novamente criança. Uma International Vagabond. Despudoradamente responsável por minha irresponsabilidade. Aprendi muito. 



A viagem começou ali. Em uma manhã de um setembro, quando diante do Ávila (a minha montanha mágica) determinei: Quero viver aqui.

E vivi. Muito. Caminhei entre manifestações, camisas vermelhas, equivocos, caçarolaços. !Gloria al bravo pueblo...! Bravo pueblo...

Estudantes, discursos, muitos caminos verdes. Ali, aprendi que sempre há atalhos ... Há sempre saída. Depois de uma curva, lá do alto, poder divisar uma nova paisagem. Há sempre novas paisagens. Há que se ter olhos de ver.

Minha montanha mágica... Feita de arcoiris e amanheceres.

Aconchegada em seu silêncio, voltei a escrever, aprendi a cozinhar, me deixei levar por luas cheias e estrelas.

Acolhida em sua imensidão, tomei muito guayoyo, enquanto as tardes se faziam noite.

Eu, a montanha e meu balcón. De ali, eu podia ver muito além da cidade de Caracas. Vislumbrava possibilidades.

De lá, parti para viagens, aventuras, descobertas, encontros e reencontros. E quando voltava, lá estava ela sempre a me esperar. Mesmo quando ferida por incendios em tempos de seca. 

Aqui termina a viagem. Talvez. Ou será que foi só mais uma nova escala desta dangerosissima viagem de que um dia nos falou Drummond? Sei lá... 

Só sei que meu balcón virou varanda e, de lá, posso ver outra montanha. No primeiro dia em que juntos, Silvio e eu, descobrimos a vista, Silvio riu e me disse: Viu, agora você tem um Ávila de açucar.  

Que seja assim ... Que assim seja. E que de lá, eu possa partir para novas e doces aventuras.


(in pblower-vistadelvila.blogspot.com)


3 comentários:

Eulalia disse...

Li tudo muito muito emocionada!
Benvinda, querida!
Muito benvinda!!!
beijinhos

anaschwarc disse...

Que bom e que pena!! Acho que vc continuará a escrever, né!! (estou torcendo, tomara!!!) Que bom, poderemos nos encontrar, por acaso, nos Shoppings! Feliz Natal e tudo de bom para vc e todos que a circundam!bjss

Celina disse...

Ticha querida,
Euzinha acho que só está começando tudo outra vez! bjos!