sexta-feira, 20 de agosto de 2010

ÂNGULOS


Não pensei que seria possivel, mas ainda deu tempo de conhecer Los Roques, um arquipélago no Caribe venezuelano. Não há uma única pessoa aqui em Caracas que não revire os olhos e diga !Los Roques es único! Apesar de muitos nunca terem visitado o lugar por medo das avionetas que fazem o transporte para as ilhas. Talvez tenha sido por isto que Silvio sempre adiou nossa visita ao lugar e, quando na semana passada decidimos ir, ele fez questão de escolher o que havia de melhor e maior em termos de avião (Aerotuy, fica a sugestão). 
E assim foi. Como sempre, acordamos cedíssimo para a chegar a tempo ao aeroporto que fica em Maiquetia (1000 metros estrada abaixo). Às 6:30, já estávamos dentro do avião taxiando rumo ao mar.  



Passada a decolagem, com um amanhecer despudorado, passado algum tempo de céu e mar, aterrissamos em Gran Roque, a iha principal, e seguimos por alguns metros do aeroporto a nossa pousada (Natura Viva). Nossa bagagem, uma mochilinha para cada um. Eu antecipava mergulhos.
Chegamos à pousada e depois de deixarmos as coisas no quarto, visitamos a casa, inclusive seu restaurante debruçadinho na praia e, decididos, partimos rumo ao ócio.  


Quatro dias só visitando cayos (as ilhotas que formam o arquipélago). Quatro dias vadiando na areia fina ou na água transparente e quase morna. Quatro dias driblando, com filtro solar 60, o sol caribenhamente inclemente. Quatro dias... De tarde, ainda dava tempo de caminhar pela pracinha que é o centro nervoso do lugar.
A cada momento, íamos nos remetendo a outros lugares. Ah, isso parece Búzios de 40 anos atrás. Ou... Lembra a Praia do Forte de antigamente.

Lugares... É o olho da gente que faz o lugar. O olho e as recordações. É a  história da gente que conta (reconta?) as nossas novas histórias.

É como se fôssemos uma dessas câmeras digitais. Vai-se tirando fotos. Muitas. Muita imagem. Põe o dedo no botão e vai registrando. Depois a gente depura, faz um álbum virtual com os melhores momentos.

Não sei... Acho que ao escolher os melhores ângulos, quando buscamos a foto perfeita, deixamos para trás muita flor, muito mar, muito céu azul. Descartamos sorrisos e momentos... Porque, afinal, eu tirei esta foto?

Antigamente, quando a gente viajava, voltava com um monte de rolinhos de celulose e plástico que eram tratados como jóias delicadas e preciosas. Nada podia acontecer com eles. Então, depois de no mínimo uma semana de ansiosa e angustiada espera, o rapaz da loja nos entregava uns albinhos de papelão e plástico com toda a nossa história. Todas as emoções. E aí a gente via... revia... e revivia cada momento. Não se descartava nada. Ou muito pouco. Só quando tinha queimado o filme. A grande dor!!!!

Vi tantos barcos enquanto estive em Los Roques... Grandes, pequenos, modernos. Vi tanto mar. Gaivotas. Céu azuuuuullll... Visitei diferentes ilhas... Mas foi só quando a avioneta decolou  que eu pude ver o todo. O que era espalhado pelo Caribe, foi virando um lugar. Com barco, céu, mar, terra e passarinhos.


                                   

Enfiei o dedo no botão da câmera e fotografei... muito. Para o blog, tive de escolher só alguns ângulos. Como uma síntese...


A terra foi ficando distante e o mar  e o céu cresceram. De repente, Los Roques não havia mais...


Sabe... Muitas vezes sinto falta daqueles albinhos antigos.  Naquele tempo, a gente podia tecer a saudade com a ponta de nossos dedos, mexendo e remexendo momentos guardados em coloridos pedaços de papel. 

(in pblower-vistadelvila.blogspot.com)

2 comentários:

monica disse...

Também AMO os albinhos antigos, mas os 'mudernos' tem estas fotos imperdíveis, fazer o quê?
Besitos

Anônimo disse...

Pat, minha santa!
você passeando por Los Roques e Lou e eu sendo apresentadas ao arquipélago pela prova dos pilotos da ANAC com listenings sobre Los Roques. Pode???
beijos saudosos