sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

MARES E MARÉS



Ainda estou no Brasil, mas já me preparando para voltar para Caracas. E quando estou no Brasil, não há tempo. Para nada. Talvez seja por isso, ou porque o ano seja de Yemanjá ou porque eu esteja com muita saudade de escrever Poesia... Não sei... Na semana passada, re-visitei poemas curtinhos. Hoje, trago um poema antigo que fala de desejos, destino e descobertas. Um prato cheio para o inicio de um ano que, espero, possa me trazer novos mares e boas marés.

Castelo de Areia
(in A sintaxe do espanto)


refazer o meu mar
molhar suas ondas
na orla arenosa

espuma e sal



verdes azuis

cascalho serpentes

refazer o meu mar



pingar no horizonte

uma gota de sangue

e amanhecer

entre nuvens


ventos sal/gema

batizar a saliva

no acridoce

do ar



refazer o meu mar

recostar em seu dorso

ouriços

mariscos

sereias



beber o murmúrio

do corpo das pedras

no corpo ácido e líquido



inverter correntezas

perscrutar as cavernas

ser peixe

ser ave marinha

antropofágico encanto



refazer o meu mar

barco

nave

nau

a singrar ventanias

a engolir vorazmente

o mágico encontro



silêncio e vendaval


(in pblower-vistadelvila.blogspot.com)

Um comentário:

Celina disse...

Tenho certezas..
Mares virão
Com sereias
E estrelas do mar
Anunciando
Segredos há muito
Desejados
Tenho certezas..
Marés altas
vazantes
Trazendo seus projetos
R E A L I Z A D O S

muitos beijos minha primoca!