O regalito foi de tal ordem poderoso que, desde que o recebi, ele está sempre na minha mesa de cabeceira, esteja eu onde estiver. De Niterói a Salvador, de São Paulo a Caracas. E, nem mesmo Cida, amiga de tantos momentos, pode imaginar quantas vezes eu conversei com o santo, lhe pedi ajuda, luz e o que mais ele pudesse me enviar.
Na próxima 3ª feira Silvio faz anos. Ele não quer nada de festa (coisas de Silvio), mas a data não vai passar em brancas nuvens, já que os pais dele acabam de chegar direto de Porto Alegre para curtir o filhão e espero que a nora também. Deram a ele de presente a sua presença (valha quanto valha a ambiguidade da frase).
Presentes ... Sempre que me refiro a Silvio, digo que ele foi um presente que a vida me deu. Ele não é nem de longe perfeito, mas não troco o regalo por nada neste mundo. Num dia de julho em 1996, na cidade de Salvador, bati um papo sério com o Senhor do Bonfim e com a Conceição da Praia e de noite lá estava Silvio no Vileta (um bar da moda naquela época). Nos encontramos por acaso e o acaso selou o encontro. Um presente da vida. Um presente dos deuses.
E como ponho tudo isso junto em um texto só e ainda mais ciceroniando meus sogros pela cidade de Caracas? Simples, lançando mão de uma coincidência. Em 1993, eu nem podia imaginar que conheceria Silvio. Se alguém me dissesse que eu iría passar quatro dias na Bahia que significariam anos de vôos semanais até Salvador, depois muita ponte aérea para São Paulo e em seguida minha expatriação para a Venezuela, eu diria que a pessoa estava delirando. Em 1993, lancei um livro, aceitei trabalhar em horário integral na Cultura, participei de um Congresso em Buenos Aires e passei um tempo em Londres fazendo um curso. Em 1993, eu trabalhava muito. Pois foi neste ano que escrevi um texto que hoje eu chamaria de ... premonitório. Um presente das musas inspiradoras. E é este texto que deixo como regalo para quem me lê agora. Espero que gostem.
COISAS DA VIDA
justo hoje
logo agora
neste enviesado de tempo
foi chegando porta a dentro
com bagagem de ficar
e me sorri tal qual menino
e me beija
e me desanca
e eu não tenho mais lembrança
tinha perdido a esperança
nem ousava mais pensar
justo agora
nesta hora
sem pedir um com-licença
vai tomando liberdades
abrindo minhas gavetas
cheirando minhas panelas
se botando mais um prato
justo hoje
logo agora
que eu era só afazer
labuta trabalho lida
e ele entra em minha vida
um pé de vento zumbindo
(e 'inda veio perfumado!)
'brigada Santo Antoninho!
'brigada!
muito obrigada!
PS: O próximo dia 13 é dia dele. Façam os seus pedidos, dancem muita quadrilha e ... take risks... pulem muitas fogueiras.