
Com tudo isso e os muitos passeios, cadê tempo para escrever? Então, aí vai um texto muito antigo, escrito em uma aula da pós na UFF. A professora, para quem a conhece, era Elzinha.
Além do texto, vai também uma foto de uma das muitas árvores deslumbrantes que encontrei nos Páramos de Mérida nos Andes Venezuelanos.
ÁRVORES DE MINHA INFÂNCIA
cajueiro
manga rosa
cajá-manga
sapoti
pé de acácia
flamboyant
jabuticaba
açaí
árvores de minha infância
plantas de tantos quintais
vegetais beirando estradas
sombras de vagos jardins
sombras de vagos jardins
molduras de antigas casas
perfumes de fim de tarde
parentes da lua cheia
caule e seiva
mandarins
perfumes de fim de tarde
parentes da lua cheia
caule e seiva
mandarins
árvores da minha infância
varal de minhas fantasias
varal de minhas fantasias
pousados em seus ramos
meus príncipes encantados
cavalos brancos
rios e mares
estátuas de bronze e marfim
mas a vida é boa mateira
tomou no punho o machado
e fez o tronco em desfeito
sobrou o lenho rachado
ainda assim
enraizadas
em meu corpo
em meu passado
estas árvores espreguiçam
os seus braços abstratos
e conservam aninhadas
minhas metas impossíveis
pássaros de azul pintados
(in à vista del ávila)
e conservam aninhadas
minhas metas impossíveis
pássaros de azul pintados
(in à vista del ávila)
6 comentários:
A delicadeza dos seus versos me comove.
Transportei-me para uma certa mangueira, em um certo quintal há muuuitos anos atrás. Doces recordações e outras nem tanto...
Que a sua horta viceje junto com a sua criatividade.
Gosto muito das suas poesias, delicadas, simples, verdadeiras.
Amiga:
Lindo texto, linda poesia. Puro prazer. Eu cresci em casa com quintal e morava perto de uma chácara. Já viu, né? Voltou tudo a mente. Valeu.
Oi Patricia,
Que texto liiiinnnddooooo!
Com a minha irmã preferida (Elza, rs) bem lembrou, passamos a infância em lugar com árvores e tudo o que tínhamos direito. O que mais veio à minha mente foram os pés de amora...ahhh, "amora", "amor", que delícia! que saudade!
Beijos,
Lúcia
Que palavras mais lindas! Também, vivi em alguns lugares onde as árvores eram minhas companheiras. Quanta lembrança gostosa o texto fez renascer.
Obrigada
Beijos
Bia
É, acho que a palavra é esta: delicadeza.
Beijos,
Mônica
sua poesias de sempre e essa árvores lindas de Mérida... sem comentários...
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