sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

UM ARCO-ÍRIS


Final de Carnaval... Já final de fevereiro... E começou quase que por acaso... Fiquei com vontade de escrever sobre o meu enorme prazer de encontrar um arco-íris.  Mais que encontrá-lo, o bom mesmo é vê-lo, assim, ir se formando pouco a pouco no céu. 

Arco-íris é que nem espirro, você fica meio que na dúvida, vinga ou não vinga, mas se tem um bom raio de sol, nenhum dos dois resiste e explode em sua essência mais pura, em cores, ou num delicioso ATCHIM!

Lembrei do primeiro dia, ou melhor, da primeira tarde em que esbarrei com um descomunal arco-íris, quando voltava para casa, lá pelos lados da Redoma de Valle Arriba, em Caracas. De repente, vi um monte de gente fotografando o infinito e não resisti e parei o carro, porque bem na minha frente estava o maior e mais belo arco-íris que jamais tinha visto em minha vida.

Eu tinha pouco tempo na cidade. Depois desse, foram muitos outros... E com hora marcada. Era só chover de tarde que eu já sabia, corria para meu balcón e pouco a pouco, como um presente, ia surgindo um arco-íris entre montanha e vale. Brotava do chão como flor, como fonte, como mágica.

Há algum tempo andava saudosa desse presente vespertino que Caracas me proporcionava. Na verdade, há algum tempo andava saudosa da cidade, do lugar, dos amigos, da vida que levava por lá, de minhas aventuras... Enfim, saudosa de mim, que quando a gente sente falta de um lugar, está mesmo é sentindo saudade da gente quando a gente andava por lá. Os lugares não são pontinhos vermelhos perdidos em guias de turismo ou em livros de geografia, são sim as pessoas que encontramos e como nos sentimos quando estávamos por lá. Os lugares têm mais a ver com a nossa alma  do que com mapas e caminhos.

Saudosa, aguardava um arco-íris em minha varanda carioca. Mas nada. Está certo que eu já tinha me perdido em uma explosão de cores logo que voltei para o Rio em pleno Aterro do Flamengo, em manhã bem cedinho feita de chuva e sol, mas depois daquele dia... NADA. Nem um arquinho da velha veio me visitar. Queria um arco-íris só meu, perdido em minha varanda.

Levou tempo. Talvez o tempo que tinha de levar para eu voltar mesmo para o Rio. Me acostumar com o apartamento novo, o novo bairro, reencontrar amigos, inventar novas aventuras... Deixar minha alma se perder no lugar.

E, um dia, ou melhor, numa tarde de chuva ralinha, foi surgindo, assim, aos poucos, no rastro de um raio de sol... Um arco-íris. Nada tão caribenhamente pujante como os da Venezuela. Chegou tímido. Tateante. E eu lá... Vai, brilha! Nada de medo! Se entrega pro sol! Brilha! ... E ele relutante, só um tantinho de rosa e azul... Vai, brilha!! Tem medo não!

Ficamos ali por um tempo, esgrimindo vontades. Eu aguardando uma explosão de cor... Ele não querendo se entregar. (Parecia uma história de amor!)

Tomei da câmera e fotografei... fotografei... Mas nada. Ele não se entregava. Às vezes, eu tinha a impressão de que era luta perdida. Ia suminnndo... suminnndo... Depois voltava. Sobrevoava o Aterro... O Pão de Açúcar...

E quando eu me dei por vencida, ele me tomou pela mão e brilhou. (Coisa de macho renitente!). Se abriu em abraço. E eu me entreguei ao momento, à cidade, àquela tarde... (Como numa história de amor!)

E foi naquela tarde que eu cheguei finalmente ao Rio e me aconcheguei na cidade como meu canto, morada e lugar.




Nota: Para mais uma história de encontro com arco-íris buscar no blog o texto UM OLHAR ESTRANGEIRO (janeiro de 2011). 

(ine nconcotrospblower-vistadelvila.blogspot.com)

3 comentários:

Celina disse...

Nada como começar uma manhã de sexta com esse texto! também adoro arco-iris!
E pelo jeito, primoca, estás deveras carioca!
PS:vou copiar um trecho para um post!
beijos londrinos

Celina disse...

Nada como começar uma manhã de sexta com esse texto! também adoro arco-iris!
E pelo jeito, primoca, estás deveras carioca!
PS:vou copiar um trecho para um post!
beijos londrinos

Eulalia disse...

É querida, de certa forma, montanhas lindas e arco-iris não resistem a você. São como ímãs... sempre acabam se entregando ao seu olhar.
Lindo texto!