quinta-feira, 10 de junho de 2010

A CAMINHO DE CHOLULA Y PUEBLA

Desde a outra vez que visitei o México, tinha vontade de conhecer Puebla. Realmente não sei o por quê da curiosidade. Talvez pelo nome. Ou talvez porque muitos mexicanos da Cidade do México, quando falam do lugar, reviram os olhos e complementam com um !A mí me gustaria mucho vivir en Puebla!



Desta vez, portanto, não me fiz de rogada e separei um dia para visitar a cidade.



Com rapidez, resolvi tudo no hotel e, no dia seguinte, acordei bem cedo para não me atrasar, pois o guia viria me buscar por volta das 7:30. Nem tomei café com Silvio, tal a minha ansiedade.



Tenho certeza que carrego em mim um gen britânico que me exige estar pontualmente em todos os meus compromissos. Mesmo aqueles em que sei que terei de esperar muuiiiitttoooo! Exemplos clássicos, Itália, Brasil, Venezuela e o México não seria exceção.



Às 7:30, estava eu prontinha no hall do hotel. O rapaz da recepção me pediu para sentar e esperar um pouco, pois, devido ao trânsito (sempre o trânsito), o guia iría se atrasar um pouco. E, em tom amigável, me perguntou se eu iría também a Cholula. Apesar de não ter idéia do que era ou onde ficava Cholula, confirmei que o passeio contemplava o lugar. O rapaz sorriu e me garantiu que eu iria gostar muito do tour.



Sentei, comecei a ler o jornal e esperei. Lá fora, o friozinho da manhã dava lugar a um dia de primavera mexicana, azul e quente.



Até que não atrasou muito e, lá pelas oito, um senhor de seus quarenta anos começou a perscrutar pelas cadeiras a procura da senhora Patricia Costa... eu.



As coisas começavam bem, sem muito atraso.



Encontramos outro hóspede, um gordinho que eu já tinha visto na piscina, e partimos. Quer dizer, começamos a tentar partir.



O guia nos informou que iríamos coletar outros hóspedes, em outros hotéis e depois iríamos para o escritório central da empresa onde, só então, seríamos alocados nas camionetes que nos levariam a nossos tours. Logo percebi que em nosso micro-ônibus havia gente que iria a Teotihuacan (as pirâmides), outros estavam interessados no centro histórico e museu de antropologia, outros iriam a Cuernavaca (minha próxima meta, em próxima visita) e outros, incluindo eu e duas orientais parecendo mãe e filha, iríamos a Puebla (e Cholula, é claro).



Enquanto o guia nos falava, o deus sol se apresentava em sua plenitude.



Para quem esperava partir do hotel direto para Puebla às 7:30 da manhã, o fato de já ser quase nove horas e de continuarmos emaranhados no trânsito matinal de Polanco dava para preocupar um pouco, mas turista é turista e tem que ter jogo de cintura.



Então o celular do guia tocou e eu não acreditei no que ouvi. O celular era daqueles de empresa que é como um rádio e alto e em bom som o escritório central pedia que nós voltássemos ao Hotel Nikko, o meu hotel, ponto inicial e alguns milhares de carros engarrafados atrás, para buscar dois outros clientes. Tremi nas bases ao ver o reverberar do sol do outro lado do vidro. Fazia calor.



Chegamos ao ponto de partida e o guia saiu a procura dos outros turistas que, depois de irritantes minutos de espera, se apresentaram lépidas e fagueiras. Uma mulher de meia idade e sua mãe. Todos nós tivemos de esperar até que as duas terminassem o seu café.



Saímos novamente do hotel e caímos novamente no emaranhado matinal de carros em Polanco em direção ao centro da cidade, ao escritório central.



A essa altura, eu queria, mas meu gen britânico não me permitiu, checar a hora. Na van, o ar condicionado no máximo trazia um certo aconchego. O motorista, o guia, as orientais, eu, o gordinho da piscina, um italiano bronzeado e a filha e a mãe éramos quase uma família. E neste idílio, chegamos ao escritório central.



O lugar era apertado e estava repleto de turistas que, aos poucos, foram sendo alocados em seus devidos transportes. No meu caso, eram as orientais, eu e uma família colombiana com um montão de malas. Estavam indo a um casamento em Puebla e depois iriam para Cancún.



Todos acomodados... Agora vai! E foi aí que o colombiano sussurrou algo no ouvido do guia e saiu da camionete. O guia entrou na van, se desculpou pelo atraso e nos explicou que o senhor colombiano ia trocar algum dinheiro, mas que seria rápido.



Enquanto o sol da primavera mexicana se apresentava em todo o seu esplendor, e exatamente quando o colombiano subiu na camionete, desobedeci a meu gen britânico e olhei o relógio. Dez para as dez em ponto. O motorista ligou o motor e partimos.



Enquanto saímos da cidade, o guia foi fazendo as apresentações: brasileira, colombianos e orientais de Singapura. Em uma mescla de espanhol e inglês foi dando as explicações iniciais. Tomaríamos a autoestrada e, em duas horas, chegaríamos a Cholula. Isto é, ao meio dia em ponto. À hora do deus sol em todo o seu poderio. Segurei angustiada meu bonezinho cor de rosa com a inscrição Hola México. Por que não comprei de lembrança um sombrero com aba bem larga?



Ao longo do caminho fomos nos entrosando e eu nem queria mais matar os colombianos pelo atraso. O fato de eu viver na Venezuela nos aproximou e passamos um bom tempo falando de eleições, fronteiras e Cartagena de las Índias. As orientais queriam saber dos vulcões que ficam no caminho.



Fizemos uma parada para um café, servicios (banheiros) e vulcões. O guia nos explicou que de ali, às vezes, dava para vê-los. O problema era a neblina, que, naquele lugar, eu não sabia se era da poluição ou do clima. A olho nu dava para ver alguma coisa, mas nem as câmeras super potentes das orientais conseguiram registrar nosso contato com o Popocatépetl e o Iztaccihuatl.



Seguimos viagem e, quando já estávamos chegando a Cholula, o guia passou a nos dar informações sobre o que visitaríamos na cidade. Três igrejas. A primeira do século XVI, a segunda feita pelos índios e a terceira ... Aí meu Deus! Não pode ser verdade... É uma brincadeira... E a terceira, a de La Virgen de Los Remédios, do século XVII/XVIII, e que fica no alto de uma das pirâmides mais altas do México. Vamos a subirla de espacio. En veinte minutos ya estaremos arriba. Seguro que todos traeron agua.



Chegamos a Cholula ao meio dia em ponto. Sol a pino. A cidade divida entre uma parte moderna e uma outra feita de casinhas baixas, geminadas. Ruas poeirentas e algumas com bandeirinhas, lembrando nossas festas de São João. Tomamos uma estradinha em direção a primeira igreja... A de San Andres. Toda em cerâmica. Apesar de todo o calor, a visão foi de sonho.



Assim começava o recorrido... Ainda me esperava muito mais!

(in pblower-vistadelvila.blogspot.com)

4 comentários:

Eulalia disse...

Ah, essa pontualidade mexicana tão minha conhecida... (sorriso)
Ansiosa para saber do resto...

Lúcia disse...

Oi Patrícia, estou adorando esta aventura! E já animadíssima para ler a continuação. Adoro "viajar" com você. Beijos.

Celina disse...

Ticha querida,

Estou começando meus posts sobre minha aventura européia, e hehehe! É bem diferente. Mas viajar, é ter estórias para contar. Estou louca para saber o que te esperava...
besitos

Anônimo disse...

Pat querida,
estou na Guatemala, entre tormentas e chubascos, hablando espanhol que nem louca. Os guatemaltecos dicen que mi español es muy bueno.
Você acredita? eu não.
Estou treinando para international vagabond... quem sabe um dia???
beijos carinhosos
marilia