sexta-feira, 4 de junho de 2010

AGORA MÉXICO?!?!?!


Não esquentei o lugar em Caracas e Silvio foi me dizendo que estava indo ao México. Para não fugir à tradição, fiz minhas malas e embarquei com ele. Decididamente o ano de 2010 mais parece um tempo de peregrinação que qualquer outra coisa. Não possso reclamar, afinal, quando larguei tudo no Brasil tinha como principal meta viajar muito e estou me tornando uma PhD em deslocamentos rápidos e inesperados. Se necessitarem de mim como voluntária para testes de teletransporte, podem contar comigo.



O voo foi tranquilo e, quando o comandante nos informou que começavámos a descer, experimentei mergulhar na Ciudad de México.



Desde o alto, a cidade é sólida. Havia uma camada de poluição de fazer inveja a São Paulo em seus melhores dias de inversão térmica. Fui fotografando a descida. O contraste entre o céu azul e o azul enevoado. Aos poucos, podia ver a cidade se apresentando em toda a sua imensidão de ruas, viadutos, muitos carros, prédios modernos e antigos. Do alto não consegui ver o Zocalo, a principal praça da cidade e uma das maiores do mundo. O Zocalo ficaria para mais tarde.



Diferente de Caracas, o aeroporto fica dentro da cidade, ou melhor, com o passar do tempo, a cidade foi envolvendo o aeroporto. Chegamos, e depois de passar pelos trâmites oficiais, tomamos um taxi para o hotel. A chuvinha fina que começou a cair e o grande engarrafamento em que nos metemos me faziam sentir que eu estava em São Paulo e, logo logo chegaria a Moema. E cheguei... Nosso hotel fica em Polanco, um bairro que me lembrou muito Moema.



Chegamos cansados ao hotel, provavelmente pela altura. Estamos acostumados aos mil metros de Caracas e toma um tempinho para encarar o dobro, os dois mil e quatrocentos metros da cidade.



Descansamos o resto do dia e no dia seguinte saimos para dar um rolê pela cidade. Senhor Diódoro, o taxista, foi nos mostrando os principais pontos até que chegamos a Coyoacán. E foi lá que me reencontrei com um delioso momento de minha vida.



Em 2003, estive no México para participar de um congresso. Comigo estava um grupo enorme da Cultura e, na última tarde, antes de embarcarmos, eu e Ricardo, meu amigo/irmão, comemos em Coyoacán, depois de disfrutarmos da Casa Azul, morada de Frida Kahlo, um pollo con mole inesquecivel. (Amigo Ricardo, lembrei muito de você enquanto via novamente a pracinha, o coreto e a igreja que fazem do bairro um lugar tão especial. Lembro que comentei com você que gostaria de morar ali. Coisas da vida...)



Os dias que se seguiram ficaram por conta dos arredores do Parque Chapultepec e do Museu de Arqueologia. Até que na segunda feira à noite, Silvio começou a se sentir mal. Seria a famosa maldição de Metezuma? E ele nem tinha abusado da comida e da pimenta. Mas não teve jeito, passou a terça-feira, seu aniversário, de molho na cama à base de consomé de pollo. Solidária, permaneci a seu lado como china poblanera, isto é, fiel mocama.



E chegou a quarta-feira e, talvez por obrigação do trabalho, Silvio ficou um pouquinho melhor e partiu para suas reuniões. Ele para o trabalho e eu para o meu oficio de perambular por cidades. Tomei um Turibus na frente do Auditório e, encaripitada lá no segundo andar, fui vendo e revendo a cidade.



Três horas e meia de fotos, descobertas e anotações. O transito é infernal, isto eu já sabia, mas, entre barraquinhas coloridas, bozinas, vozeirio, calor e uma manifestação contra as privatizações, fui vendo muitos namorados em pleno idilio na hora do almoço (como eles se beijam na boca!!!), mulheres com suas sombrinhas para se protegerem do sol, restaurantes com cadeiras na calçada em recantos sombreados, monumentos de bronze, fontes, edificios super modernos, parques, praças... e tudo ao som de um som recorrente que me acompanhou por quase todo o passeio. Homens simples com seus chapéus de aba larga tocando seus realejos. Talvez as pessoas não se apercebam diante da enormidade da cidade, do cenário, mas há muitos realejos por aqui. Muitos.



Tantos que, aos poucos, foi me dando uma vontade danada de escrever um texto, um poema, sei lá... Se chamaria A Cidade dos Realejos. Quem sabe um dia...



A Cidade dos Realejos... Dava também um bom nome para um novo blog ... pblower-acidadedosrealejos.blogspot.com. Quem sabe um dia eu crie este blog. Um dia... Quem sabe...

(in pblower-vistadelvila.blogspot.com)

4 comentários:

Celina disse...

Ticha querida!
Quem diria que nos tornariamos nomades? voltando a Londres, depois Brasil, ja me deu uma coceira de conhecer a cidade do Mexico, depois de sua descricao. Curta muito! Euzinha...me esbaldando!
basitos

monica disse...

O nome já está escolhido, agora é aguardar.

Bj

Eulalia disse...

Querida!
Palmilhei, com você, cada passo!
Que saudades dessa cidade tão especial!
Sim, crie o blog. Estarei na cola! (rsrsr)
beijinhos

Anônimo disse...

a descrição faz a gente entrar no México contigo. de verdade. beijo enorme!