São Pedro finalmente atendeu as minhas preces. Na noite da virada, desligou a sauna úmida que era Porto Alegre e decidiu climatizar a cidade. Resultado: adentramos 2010 com temperatura de montanha, tchê! (Apesar de estar com Silvio a mais de dez anos, nunca sei quando usar tchê! Tchê para mim é que nem impedimento no futebol. Sei que existe, mas não sei explicar).
A possibilidade de usar uma roupa sem ficar totalmente melada e grudenta foi pra lá de motivação para eu querer me arrumar para a festa. Tinha comprado um vestido em tons de verde e já havia planejado tudo. Vestido e complementos seriam verdes. Esperança! Saúde! Ia ficar trilegal! (Ai! Me disseram que não se usa muito trilegal em Porto Alegre). Baaaa...! Que ia ficar trilegal, ia.
Mas na hora H, quando eu estava pegando o colar e os brincos verdes, fui arrebatada por um incontrolável desejo de usar pérolas. Ainda tentei insistir, mas era algo quase obsessivo. E não teve jeito. Virei o ano adornada em pérolas. Seria uma demanda mágica da Rainha dos Mares? Um desejo da vaidosa deusa que vai reger este novo ano? Sei lá. O que sei foi que usei colar, brincos e pulseira de pérolas. (Seja feita a sua vontade!)
E, após saudações e lentilhas, vencida pelo cansaço, já na cama, vislumbrei um céu azul noite e uma pérola única e especial. Blue Moon! (Por telefone, Cida tinha me explicado o que era. Blue Moon é a segunda lua cheia do mês. O fenômeno só vai acontecer agora em 2012). De súbito, me vi cercada de pérolas... por todos os lados.
Não sei como a idéia surgiu, mas o que me veio à cabeça é que poemas curtos são como pérolas. Diretos e precisos. Como pérolas, se são bons, são preciosos por si só. Se ruins, valem como uma bijuteria barata, mas ainda assim adornam.
Então, começo o ano novo desfiando um pequeno colar de poemas antigos. Talvez faça isso para que as musas entendem que estou carente de fazer Poesia.
PALAVRA
não toco as estrelas
com meus dedos
mas com a língua
saboreio a doçura da palavra
estrela
e o mel de cada sílaba
SETEMBRO 2000
... esta fala não dita
... esta fala maldita
meu verso me estranha
me abre feridas
silêncio navalha
um corte na língua
(Que saudades de escrever Poesia!!!)
AMOR
de igual para igual
saldamos nossas diferenças
e sorrimos silêncio
sábios de nós
(Nota: É saldamos mesmo.)
LIÇÃO DE PORTUGUÊS
Amar não é verbo
intransitivo
é verbo de ligação
Tudo depende dos predicativos do sujeito
(Aqui em Porto Alegre, me lembro de Mário Quintana!)
E por fim, um curtinho muito antigo que é como um lema em minha vida. Não me lembro do seu título:
Guardo no côncavo da mão
A água da vida
E é dela que bebo
Quando me impõem
sede
Que 2010 me traga muitas pérolas. Podem vir em caixa de veludo, baú de sândalo, joalheirinho de ébano com caixinha de música... Mas se não der, que eu continue encontrando à beira de meu mar de dentro, umas conchinhas miúdas e brancas... minhas histórias de casos e acasos que conto semanalmente.
(in pblower-vistadelvila.blogspot)
5 comentários:
Patrícia, minha querida, esta postagem saiu uma "Pérola"!
Aaai amiga, adoro pérolas. Verdadeiras, de resina, de vidro, caríssimas, baratinhas, tanto faz. O efeito e o brilho que elas causam nas mulheres é mesmo algo mágico!
Adorei, Pat, obrigada por este presente no primeiro dia do ano.
Muitos beijos,
Lúcia
Querida Pat:
Você cativou mesmo esta família. Quando chego pra escrever meus comentários, sempre embevecida pelo que acabei de ler, encontro o comentário de minha irmã Lúcia que sempre antecede ao meu. Isso é tão bom! Você se fez elo de ligação entre irmãs. Mais uma forma de me manter perto dela e de você. Que venham todas as pérolas mencionadas pela Lucia, que entendedora das mesmas, sejam as que brilham ou as escritas.
Muitas pérolas para você continuar a nos presentear.
Bjs,
Mônica
Fui procurar e achei o título: Senha
querida,
só hoje vi, com a maior alegria, suas pérolas escritas com espuma do mar.
Lembro daquele do concavo na mão.
Por aqui, esperando a neve baixar para saber se vamos ou não viajar para Innsbruck.
bjs
Uma pérola, querida!
Como sempre.
Também tenho saudades de seus poemas.
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