Há
algum tempo me contaram uma espécie de lenda. Em uma das pontes que liga
Trastevere à Roma os casais apaixonados deixam cadeados presos em uma corrente
como prova de seu eterno amor. Fecham o cadeado e jogam a chave no rio. Feito.
Seu amor preso e confirmado para sempre. Um laço eternizado em um gesto. Click... Chaves na água. Paixão
infinita!
Fico
pensando em quantos casais dariam tudo para, depois de algum tempo e muita
rotina, encontrar novamente as chaves. Imagino alguns, mais radicais, em desespero,
se atirando no rio para ver se conseguem abrir seu cadeado.
Não
é este o meu caso. Tenho um cadeado fechado e lacrado e com chaves perdidas na
correnteza. Laço confirmado pelas tantas moedas jogadas na Fontana de Trevi.
Amo Roma. Paixão despudorada, sensual, irresponsável. Amor que não mede consequências.
Estar aqui é estar bem. Respiro o delicioso caos... Saboreio equívocos e discussões
... Ouço abismada a eloquência do infinito céu azul... Tateio por calçadas
marcadas pela chuva fina... E me vejo nos inúmeros rostos de tantos cantos e países.
Voltar...
É me reencontrar. Voltar... É me perder entre vias e piazzas e pontes e arcos e igrejas e palácios... Voltar... É muito
bom.
Roma
é minha cidade.
Nos
pequenos detalhes...
E nesta
descuidada e aconchegante imensidão!
(in pblower-vistadelvila.blogspot.com)
Um comentário:
Impecavelmente lindo! Quase um pecado despudorado e pleno! Cheio de sabores que só você consegue retratar! Adorei.
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