Essa noite vou ver HAIR, a montagem que está no Oi Casa Grande. Gosto de musicais.
Agora, aqui, neste meio de tarde, enquanto checo emails e, como sempre, espero alguém que vem instalar alguma coisa na casa, decidi folhear antigos poemas e rever fotos de uma Patricia que já não existe mais. O resultado: este post.
Sou a raspa do tacho da década de 60. Naquela época, eu achava que podia mudar o mundo e escrevia longos poemas...
Quem viveu... vai entender do que estou falando.
AURORA DOS SIXTIES
é isso aí
Aurora
já não há tempo nem hora
o tempo passou
a ave voou
agora
Aurora
são três a voar
é isso aí
Aurora
feito amora
indomável
nódoa de sangue
nódoa de mangue
na roupa
no rastro
no passo
na mão
Aurora
dos sixties
cheia de tiques
cheia de truques
a vida era assim
tudo em cima
tô na tua
nem vem que não tem
e teve
e tinha
Aurora
do abaixo assinado
da denúncia
cheia de vícios
cheia de vida
cheia de dívidas
só dividida
entre o céu a a terra
ficava o gurú
na roupa hortelã
enrugada
a marca da bala que matou o viet
Aurora
a glória!
análise
psicodrama
teatro experimental
ainda roça no ouvido
a guitarra e o rock
herman hess
leví-strauss
na aldeia global
ela
elétrico elo
elemento na rota do espaço
é isso aí
Aurora
já não há tempo nem hora
o tempo passou
a ave voou
doce pássaro
é noite
aurora
é noite
aurora
é noite
(Poema publicado em Moinhos ao Ventos, ed. Fontana, 1982)
1974, 16 anos...
Não mudei o mundo...
(O mundo me mudou...)
Naquela época eu teimava em escrever...
longos poemas...
tristes.
(in pblower-vistadelvila.blogspot.com)
3 comentários:
Que vontade de ir junto contigo ver HAIR. Fica para uma outra vez.
Feliz aquele que muda e pode perceber sua mudança...
besitos
Soraya
Bom te ler... bom te ver... senti saudades...
E... tendo acompanhado cada uma dessas etapas, sempre sempre agradeço à vida termos nos conhecido.
Você é um presente, querida!
Muito maneiro o poema.
Bjs
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